EDUARDO CUCOLO
A economia brasileira desacelerou em agosto, segundo o Banco Central. O indicador de atividade da instituição (IBC-Br) mostrou expansão de 0,3% no mês, depois de um crescimento de 1,5% em julho, sempre na comparação com o mês anterior.
No ano, o IBC-Br acumula queda de 0,1% em relação ao mesmo período de 2013.
Analistas ouvidos pela Folha consideram que os dados sinalizam que o PIB do país deve crescer no terceiro trimestre de 2014, depois das duas quedas registradas nos dois primeiros trimestres.
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O desempenho da economia, no entanto, ainda será fraco e insuficiente para caracterizar uma retomada do crescimento. Se ficar estável em setembro, por exemplo, a expansão ante o trimestre anterior será de 0,5%.
O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) é um indicador de atividade mensal que tem como base, por exemplo, os dados da indústria e do comércio, que mostraram ligeira recuperação em julho e agosto. Dados preliminares para setembro apontam pequeno crescimento nesses setores.
A produção industrial cresceu 0,7% em julho e também em agosto, na comparação mensal, após quatro meses de resultados negativos. O comércio varejista cresceu 1,1% no oitavo mês do ano, após dois meses de quedas em relação ao mês anterior.
Em relação ao mercado de trabalho, os dados mostram aumento do desemprego e queda na abertura de vagas com carteira no período.
PROJEÇÃO PARA O PIB
O indicador mensal do BC tem metodologia e resultados diferentes do PIB, que é divulgado trimestralmente pelo IBGE. O IBC-Br, entretanto, serve de base para as projeções para o dado oficial.
“Devemos ter um PIB no terreno positivo no terceiro trimestre, de pouco menos de 0,5%, o que, dada a recessão técnica dos dois trimestres anteriores, não é nada animador”, diz a consultoria Rosenberg Associados, que avalia a possibilidade de reduzir a previsão de crescimento de 2014 para menos de 0,3%.
O PIB mensal Itaú Unibanco, indicador de atividade calculado pela instituição financeira, também mostrou crescimento em agosto, mas de 1,6%. Em 12 meses, o indicador do banco e o IBC-Br mostram expansão de 0,9%.
“O resultado está em linha com nosso cenário de PIB estagnado ou com baixo crescimento no terceiro trimestre”, diz a instituição financeira.
O índice incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: serviços, indústria e agropecuária, assim como os impostos sobre os produtos.
O indicador já foi considerado uma “prévia” do PIB (Produto Interno Bruto), mas deixou de ser usado desta forma, já que os resultados podem não ser próximos aos do IBGE.
‘PERDA DE FÔLEGO’
“É simplesmente o registro de perda de fôlego de toda a atividade econômica do país”, disse o economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, Alex Agostini, para quem o PIB crescerá 0,3% neste ano, mas “sem dúvida” com viés de baixa.
A economia brasileira, que entrou em recessão técnica no primeiro semestre, é uma das questões centrais na disputa pela Presidência entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o candidato do PSDB, Aécio Neves, em meio a um cenário de inflação elevada.
INDICADORES
Dados recentes já haviam indicado que a economia continuou patinando no terceiro trimestre do ano.
A produção industrial avançou 0,7% em agosto, mas ainda mostrando contração no acumulado do ano, enquanto que as vendas no varejo subiram 1,1% no mesmo período, mas o movimento foi considerado apenas pontual.
Com a atividade econômica debilitada, o mercado de trabalho mostra perda de fôlego, apesar do nível de desemprego baixo. A criação de vagas formais de trabalho em setembro foi a pior para o mês em 13 anos.
Pesquisa Focus do BC aponta que a expectativa de economistas para este ano é de crescimento do PIB de apenas 0,28%, contra expansão de 2,5% em 2013.
Fonte: Folha