Cuidar da aparência vai ficar mais caro: produtos de beleza sobem 12%


Rodolfo Costa , Marinella Castro

Aumento médio, estimado por fabricantes, ocorrerá porque IPI passará a incidir também sobre a distribuição

Cuidar da beleza, que já estava difícil por causa da inflação alta, vai pesar ainda mais no bolso. A partir de 1º de maio, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) passa a incidir na distribuição de cosméticos, que inclui os custos indiretos de inserção do produto no mercado varejista. Antes, o tributo era cobrado apenas na industrialização. A aplicação do Decreto nº 8.393 vai acarretar reajustes em perfumes, maquiagens para boca, unhas, olhos e rosto, produtos para a pele, preparações para barbear, fixadores, modeladores, alisantes e tinturas, entre outros produtos. As alíquotas vão de 22% a 42%.

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Com a medida, o governo busca arrecadar mais R$ 1,5 bilhão por ano — dos quais 51% ficarão com União e o restante, com estados e municípios. Os fabricantes acreditam que os cosméticos vão subir 12%, em média. Para especialistas, o impacto, aliado ao aumento do dólar, deve contribuir para o avanço da inflação no setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, que, em 2014, foi de 4,7%.

A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) calcula que as vendas vão cair 17% neste ano. “O decreto contraria a própria definição do IPI, que é o Imposto sobre Produtos Industrializados. Agora, também envolve outras áreas de negócios do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, o que não tem sentido algum”, criticou a entidade, em nota. O setor movimenta mais de R$ 40 bilhões por ano no Brasil, o segundo maior mercado consumidor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Pelas normas, apenas empresas interdependentes — companhias de um mesmo grupo em que uma, com atividade industrial, vende produtos a outra, com perfil comercial — serão afetadas. No entanto, o efeito chegará ao varejo. “Se os produtos adquiridos pelos fornecedores do comércio sofrerem reajuste, certamente o lojista repassará o custo ao consumidor”, analisou Cláudia Maluf, especialista em direito tributário do escritório Demarest Advogados.

Na prática, a ideia do governo é resgatar um regime tributário que vigorou de 1989 a 1994, conta Cláudia. A mudança também vai encarecer os importados. “A medida contraria posicionamento já firmado pelo Judiciário. Pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o imposto não deveria ser aplicado sobre produtos importados quando não há a industrialização local”, avaliou a advogada.

Fonte: Correio Braziliense



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