Custo do transporte é maior barreira à exportação, aponta CNI

O alto custo de transporte foi eleito, entre uma lista de 62 entraves à exportação, como o principal obstáculo às empresas brasileiras que vendem ao exterior. Em uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 847 companhias, o transporte encabeça a lista, onde aparecem em seguida tarifas cobradas por portos e aeroportos, a baixa eficiência governamental no apoio à superação das barreiras às exportações, a dificuldade de oferecer ao mercado preços competitivos e as tarifas cobradas por órgãos como Ministério da Agricultura e Polícia Federal.

Os entrevistados, selecionados entre as 15 mil empresas de todo o país que compõem o catálogo do exportadores da CNI, responderam ao questionário entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016. Do total, 63,8% são micro ou pequenas, 57,1% exportavam até 20% da receita e pouco mais da metade tem experiência de mais de dez anos com vendas ao exterior. A questão logística foi eleita como principal entrave em todas as cinco regiões. Ela foi considerada mais crítica no Centro Oeste, atingindo 4,03 na escala que varia entre 1 e 5, seguida pelas tarifas cobradas por portos e aeroportos, que também ocupa a segunda posição no Norte, Sudeste e Sul.

No Nordeste, é a taxa de juros que aparece depois do alto custo do transporte. O excesso de leis, muitas vezes conflitantes, com regras que são alteradas com frequência, e a burocracia ­ a complexidade dos documentos necessários para exportar e o tempo perdido com fiscalização, despacho e liberação dos produtos ­ completam a lista geral dos dez maiores entraves apurados pelo levantamento, feito em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). “As empresas conhecem suas deficiências de competitividade, então elas se preocupam em reduzir despesas, em inovar, mas controlar os custos ‘da porta para fora’ é mais difícil”, comenta Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI.

Surpreendido pelo resultado, ele afirma que a instituição deve se aprofundar no tema da logística para mapear as principais deficiências e formular propostas concretas para o governo, mas adianta que diversas pesquisas feitas pela instituição apontam a necessidade de novos investimentos em rodovias e a ampliação dos modais. “O governo tem que fazer as concessões, as privatizações, para melhorar a infraestrutura de transportes. Mas isso são ações de médio e longo prazo”, afirma o diretor, ao explicar por que a CNI mantém as demandas de efeito mais imediato, entre elas a elevação das alíquotas do Reintegra, benefício que objetiva ressarcir parte dos tributos pagos pelos exportadores ao longo da cadeia.

Apesar de não estar entre as principais queixas, o excesso de tributos, no 18º lugar, continua sendo tema importante, afirma o diretor da CNI. Nesse sentido, as empresas também destacaram entre os entraves a dificuldade de recuperação de créditos tributários federais e estaduais. Abijaodi chama atenção para o fato de que 13,2% das empresas não usam qualquer mecanismo de redução de carga tributária ­ ressarcimento de créditos, drawback ou Reintegra ­, uma consequência, diz ele, do sistema tributário complexo do Brasil.

Os Estados Unidos aparecem no topo dos destinos de preferência, citado por 23,9% das empresas como país mais atrativo para a assinatura de acordos comerciais. A União Europeia ocupa o primeiro lugar entre os blocos, citada por 16,1%. Os acordos são vistos pelas empresas como uma maneira de amenizar os entraves que os exportadores enfrentam nos países compradores. A burocracia administrativa e aduaneira e as tarifas de importação foram nomeados por mais de um terço dos entrevistados como principais entraves de acesso a mercados externos.

Fonte/veículo: Valor Econômico

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