Dólar sobe 1,5% e renova máxima no ano



O avanço da presidente Dilma Rousseff nas últimas pesquisas eleitorais aumentou o pessimismo dos investidores, que têm se mostrado insatisfeitos com a política econômica atual, levando o dólar a renovar a máxima do ano ontem.
A moeda americana subiu 1,48%, encerrando a R$ 2,4839, maior patamar desde 8 de dezembro de 2008, quando o dólar atingiu R$ 2,5010 em plena crise financeira mundial.
O real lidera as perdas entre as moedas emergentes frente ao dólar, acumulando queda de 9,64% nos últimos 30 dias.
“O dólar agora está em novo patamar, em que o piso passou a ser de R$ 2,40, e deveremos ver um ajuste na taxa de câmbio independente de quem ganhar a eleição”, diz Italo Abucater, especialista em câmbio da Icap.
Os investidores repercutem as últimas pesquisas de intenção de voto, que mostraram um crescimento da presidente Dilma Rousseff (PT) na corrida eleitoral, abrindo vantagem em relação à candidata Marina Silva (PSB) no segundo turno. Além disso, a disputa mais acirrada pelo segundo lugar entre Marina e Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno reforçou a leitura de que isso pode fortalecer a candidata do PT em um segundo turno.
A euforia verificada nos últimos meses, com os investidores apostando na vitória de um candidato da oposição com perfil mais pró-mercado, vem perdendo força, levando a um reposicionamento no mercado câmbio.
Desde a divulgação da pesquisa Datafolha na noite do dia 26 de setembro que apontou um recuo da candidata Marina Silva na corrida eleitoral, os investidores têm buscado adotar uma posição mais defensiva, aumentando a demanda por proteção cambial, diante da incerteza do cenário eleitoral e a proximidade das eleições no próximo domingo.
Apesar da alta de 10,67% da moeda americana nos últimos 30 dias, os analistas acreditam que ainda há espaço para uma correção para cima do dólar até o segundo turno para a eleição presidencial, marcado para o dia 26 de outubro, se confirmado o favoritismo da presidente Dilma Rousseff na corrida eleitoral.
Segundo Abucater, apesar do fluxo cambial estar positivo, tendo registrado entrada líquida de US$ 131 milhões na semana passada e ingresso de US$ 3,561 bilhões em setembro até o dia 26, o Banco Central deveria voltar a ofertar linha de dólar com compromisso de recompra para aliviar o caixa dos bancos e dar saída para os investidores que estão demandando moeda física. Por enquanto, o BC não anunciou nenhuma medida adicional para conter a alta da moeda americana fora os leilões de rolagem e da ração diária.
Para um ex-diretor do BC, a rolagem integral do lote de swaps a vencer ainda é insuficiente para amenizar a volatilidade do câmbio, que subiu muito no último mês. De acordo com dados da BM&F, o índice FX Vol – que mensura a volatilidade implícita nos contratos de opções de dólar de 21 dias úteis negociadas na bolsa – subiu de 9,63% ao ano no dia 1º de setembro para 19,7% em 29 de setembro, último dado disponível.
Na prática, isso indica que o mercado projeta uma oscilação nessa magnitude para o dólar ao fim de um período de 12 meses. “O BC deveria realizar operações extraordinárias, uma vez que vem sinalizando que o objetivo da política cambial é mitigar a volatilidade do câmbio quando o real se descola de seus pares”, afirma o executivo.

Fonte: Valor Econômico



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