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Por Gleise de Castro
No primeiro semestre, 17,6 milhões de pessoas fizeram pelo menos uma compra pela internet, segundo o Ebit/Buscapé. O movimento foi 7% menor que em mesmo período de 2014, mas significa, ainda assim, uma grande quantidade de produtos que precisaram ser entregues em todo o país, principalmente dos ramos de moda e acessórios (15%), eletrodomésticos (13%), telefonia/ celulares (11%) e cosméticos e perfumaria/ saúde (11%), segundo o relatório Webshoppers da empresa. Para levar essas encomendas até o cliente final, as companhias precisaram vencer vários desafios, entre eles o encarecimento do frete.
De acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), com 13,5 mil lojas virtuais, entre 17 e 27 de agosto, os gastos com frete passaram de 58% para 62,6% do total de custos logísticos, de 2013 para 2015. Fragmentado e pouco estruturado, o transporte é o grande problema do comércio virtual. Entregas no Sudeste e Sul não costumam ter dificuldade. Mas chegar a locais mais distantes, como o interior do Nordeste e a Amazônia, exige uma estrutura que nenhuma transportadora que atua nesse mercado tem, segundo Giuseppe Lumare Junior, diretor comercial da Braspress.
Por isso, o serviço costuma ser terceirizado. “Para fazer um serviço bem feito tem de ter estrutura própria. Quem não tem, vai repassando de parceiro em parceiro e o serviço fica ruim”, diz Lumare Junior. Grandes operadores de e-commerce geram cerca de 50 mil despachos por dia, o que desafia a estrutura logística precária do país. A própria falta de regularidade acaba desestimulando os transportadores de atuar nesse segmento. Foi o que aconteceu com a Braspress, que deixou de operar com o ecommerce dez anos atrás.
Agora a empresa planeja voltar, de forma mais estruturada. Com 100 filiais próprias, frota de 3.500 caminhões e especializada no transporte corporativo (B2B), a transportadora montou uma estratégia para retornar ao varejo do e-commerce em fevereiro de 2016, a partir de um serviço específico para atender operadoras do comércio virtual, em determinadas áreas de 30 regiões do país já atendidas por suas filiais. Será um transporte complementar, uma espécie de “carona”, aproveitando rotas e veículos já utilizados para o transporte entre empresas.
O serviço vai excluir pacotes de menor tamanho, até 2 quilos, mercado hoje cativo dos Correios. A estatal continua liderando as entregas das lojas virtuais, mas sua participação caiu de 81% para 73,1%, entre 2013 e 2015, e 23,9% dos lojistas virtuais consideram o nível do serviço dos Correios ruim ou péssimo, segundo a pesquisa da ABComm.
Para o vice-presidente de encomendas dos Correios, Janio Pohren, a redução se deve à intensificação da competição das empresas nesse mercado e o controle de qualidade da empresa mostra que a porcentagem de reclamações de todos os tipos sobre o total de entregas de encomendas pela estatal no país é inferior a 0,1%.
Entre 2011 e 2014, os Correios investiram R$ 2 bilhões em infraestrutura, mais do que o dobro do registrado nos quatro anos anteriores, segundo Pohren. Nos últimos dez anos, a participação do comércio eletrônico nas entregas de encomendas passou de 5% para 22%. Já a participação na receita foi de 1% para 10% no período.
Fonte: Valor[:]