Emergentes exportarão mais para economias desenvolvidas


Os países emergentes devem crescer este ano menos do que no passado recente, mas ainda em nível alto. O ponto positivo é que vão se beneficiar da atividade mais aquecida das economias avançadas, que devem elevar a demanda por exportações dos emergentes. O lado negativo é que a mudança na política monetária dos Estados Unidos pode dificultar as condições financeiras para esses países. A análise foi feita ontem por Olivier Blanchard, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Acreditamos que, no final, o primeiro fator vai dominar o segundo”, disse o economista ao comentar as previsões econômicas divulgadas pelo fundo.

Os países emergentes deverão ter expansão média de 5,1% este ano e de 5,4% em 2015, com a China na liderança. Segundo o FMI, o país asiático crescerá 7,5% em 2014 e 7,3% em 2015. Já o Brasil crescerá menos: 2,3% neste ano e 2,8%, no próximo, abaixo dos 2,5% e 3,2% projetados antes.

Na contramão de Brasil, a previsão de crescimento mundial em 2014 foi elevada em 0,1 ponto percentual, para 3,7%. A estimativa para 2015 se manteve inalterada, em 3,9%. O FMI acredita que o índice de 2013 tenha sido de 3%.

A economia mundial, destaca Blanchard, está ganhando força em um momento em que os governos estão conseguindo lidar com fatores que atrapalhavam a recuperação, como os problemas fiscais nos Estados Unidos, e a incerteza está diminuindo. “O crescimento dos EUA parece crescentemente sólido”, diz. “Mas a recuperação mundial ainda é fraca, desigual e muito ainda precisa ser feito”, acrescenta Blanchard.

Nos mercados desenvolvidos, o economista destaca que os Estados Unidos vão crescer mais que a Europa – e mesmo dentro desta região os países terão taxas bem diferentes de expansão. Além disso, o economista cita que o desemprego permanece elevado nas economias avançadas e riscos importantes ainda rondam os mercados.

O Fundo aumentou em 0,2 ponto percentual sua projeção de crescimento para os Estados Unidos em 2014, que agora é de 2,8%. Mas a estimativa de 2015 foi reduzida em 0,4 ponto percentual, para 3,0%, em razão do corte de gastos previsto no orçamento recém-aprovado pelo Congresso.

A zona do euro começa a abandonar a recessão e entrar em uma rota de recuperação, segundo o FMI, que espera crescimento de 1% na região em 2014 e de 1,4% em 2015. Fora da zona do euro, a Inglaterra deve registrar um dos mais alto índices de expansão da Europa, com 2,4% em 2014 e 2,2% no próximo ano. Já a Alemanha deve crescer 1,6% este ano. A França deve se expandir 0,9% e a Itália e Espanha, apenas 0,6%.

Na Ásia, além da China o FMI também fez suas projeções para o Japão. Após um bom ano de 2013, a expectativa é de desaceleração do crescimento japonês. O fundo projeta expansão de 1,7% este ano e 1% em 2015.

Outras projeções

O Fundo Monetário Internacional prevê que o comércio mundial cresça 4,5% este ano, abaixo dos 5% previstos em outubro. Mas nos emergentes a expansão deve ser maior, de 5,9%.

As commodities vão continuar em queda neste ano e no próximo. Para o petróleo, a projeção é de retração de 0,3% em 2014 e 5,2% em 2015. Para as demais, a estimativa é de recuo de 6,1% e 2,4% nos mesmos períodos.

No caso da inflação mundial, o FMI diz que espera que a alta de preços seja comportada nos países desenvolvidos e um pouco maior nos mercados emergentes. Para o primeiro grupo, a estimativa é de que o índice fique em 1,7% em 2014, pouco acima do 1,4% previsto para 2013. Em 2015, deve ficar em 1,8%. Nos emergentes, a inflação prevista é de 5,6% neste ano, abaixo dos 6,1% de 2013. Para 2015, a previsão do FMI é de que o índice fique em 5,3%.

Fonte: DCI


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