O momento político conturbado no Egito pode prejudicar os negócios entre brasileiros e egípcios. Na última quarta-feira (03/7), depois de semanas de protestos e pressão da oposição para a saída do presidente Mouhamed Morsi, os militares tomaram o poder e anunciaram sua destituição. Ainda não há definição de quanto tempo o exército ficará no governo. A incerteza sobre os rumos do Egito pode afetar a relação com outros países, principalmente no campo econômico. “Normalmente, as empresas são cautelosas e sustam as operações de exportação até que as coisas fiquem mais claras”, disse José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O comércio bilateral envolve, em grande medida, commodities. Mais de 70% das exportações ao Egito corresponde a açúcar, carne bovina, carne de frango, óleo de soja, milho e minério de ferro. Segundo a Aeb, de janeiro a maio, as exportações brasileiras para o país atingiram US$740 milhões. No mesmo período do ano passado foram US$808 milhões, representando uma queda de 8,5%. Segundo o professor de Economia Internacional da UFRJ, Reinaldo Gonçalves, as vendas brasileiras para o país em 2012 cresceram 3,5% tendo o PIB egípcio crescido 2,2%.
“Como a previsão é de menor crescimento do PIB este ano, é provável que as exportações cresçam ainda menos”, afirmou.Por outro lado, 75% das exportações egípcias para o Brasil concentram-se em somente dois produtos: uréia e superfosfato. “As trocas comerciais têm grande potencial, já que o Egito precisa de muitas coisas”, disse o professor de Direito da FGV e especialista em Oriente Médio, Salim Nasser. Segundo Nasser, o Egito tem baixa capacidade de se financiar e depende da ajuda externa, à qual muitas vezes vêm amarradas condicionantes políticas.Em 2011, quando o ditador Osni Mubarak, que comandava o Egito, foi deposto, o Brasil interrompeu as vendas de carne bovina ao país. O mesmo pode acontecer agora. (Veja a matéria no site – Fonte: Istoé Dinheiro)