Em um país quente e úmido como o nosso, usar desodorante previne o odor ruim nas axilas, contribui para o bem-estar, a autoestima e o convívio social. Existem, no entanto, muitas dúvidas em relação aos tipos, ao uso e aos efeitos dos desodorantes, que costumam dar lugar a crenças equivocadas.
Para esclarecer esses pontos, conversamos com um time de médicos especialistas no tema, que aqui revelam o que é mito e o que é verdade. Confira.
Desodorantes e antitranspirantes têm a mesma função?
MITO: “Os desodorantes contêm essências que disfarçam o odor das axilas, além de uma formulação que reduz a ação das bactérias que causam o mau cheiro, mas não diminuem a produção do suor. Já os antitranspirantes possuem sais de alumínio em sua composição justamente para cessar temporariamente a produção de suor pela glândula sudorípara. A maioria dos antitranspirantes tem também ação desodorante, mas nem todos os desodorantes agem como antitranspirantes”, explica a dermatologista Taciana Dal`Forno Dini, assessora do Departamento de Laser da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Antitranspirantes podem manchar a roupa?
VERDADE: Os tais sais de alumínio ou alumino-zircônio presentes nas formulações dos antitranspirantes podem provocar manchas nos tecidos. Existem, no entanto, produtos que não causam esse efeito, o que costuma ser destacado em suas campanhas de divulgação. “Mas lembre-se que o suor também contém sais minerais que, ao secarem, às vezes mancham a roupa”, salienta Taciana.
As versões sem álcool oferecem os mesmos benefícios?
VERDADE: Elas agem da mesma forma, ou seja, atuam contra as bactérias que causam o mau odor ou controlam a produção do suor. Mas, segundo a dermatologista Carolina Mourão Abdo, de São Paulo, eles são indicados para quem tem pele delicada e sensível, já que são mais suaves e reduzem a chance de irritação e de ressecamento na região das axilas.
Mulheres devem evitar o uso de desodorantes e antitranspirantes logo após depilar as axilas?
VERDADE: A depilação reduz a função protetora da camada superior da pele, aumentando a chance de irritações e de alergias aos diferentes agentes presentes na formulação. “O ideal é evitar os que contêm álcool, pois a substância pode irritar a pele já sensibilizada, causando ardência e ressecamento”, aconselha Taciana.
Há desodorantes que clareiam a pele?
VERDADE: O mercado conta com versões que ajudam a clarear de maneira suave ou evitar o escurecimento da pele. Esses produtos geralmente possuem, em sua composição, substâncias com propriedades hidratantes, calmantes, anti-inflamatórias ou clareadoras.
O uso de desodorantes ou antitranspirantes pode causar câncer de mama?
MITO: Os desodorantes e antitranspirantes têm ação local na superfície da pele e atingem as glândulas sudoríparas, e não os tecidos mamários. “Grande porcentagem dos tumores malignos de mama ocorre em quadrantes superlaterais, região da mama que é próxima às axilas e concentra mais tecido glandular (mamário). Por isso existe esta dúvida. Mas é importante entender que o câncer de mama é originário do tecido mamário e não da pele, e, por isso, não é possível relacionar cientificamente o uso de desodorantes ou antitranspirantes ao surgimento da doença”, afirma a mastologista oncológica Karina Patrício Infante, diretora-clínica do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC).
Como impede a transpiração natural, o uso contínuo de antitranspirante pode prejudicar a saúde?
MITO: O suor é vital, pois é através dele que o organismo consegue manter o equilíbrio entre a temperatura corporal e a do ambiente externo. “Mas, quando o antitranspirante impede temporariamente a transpiração na região das axilas, outras glândulas sudoríparas do corpo, presentes no couro cabeludo, mão e pés, por exemplo, assumem essa função. Por isso, seu uso não oferece risco algum à saúde”, afirma Taciana.
O ideal é tomar banho à noite e dormir sem passar desodorante, para deixar a pele respirar?
MITO: A pele não respira. Quem entrega oxigênio às células da pele é o sangue, através da oxigenação feita nos pulmões. Um estudo do Departamento de Dermatologia da Eastern Virginia Medical School, publicado em 2014 pela International Hyperhidrosis Society, revelou que para as pessoas que sofrem de hiperidrose (excesso de suor), os antitranspirantes mostraram-se ainda mais efetivos quando aplicados à noite, com a pele bem seca.
Fonte: Estadão