Da Folha de São Paulo:
Até maio, as vendas para Argentina, Uruguai e Paraguai recuaram 10,3%; com Estados Unidos, avançaram 27,5%
Queda no bloco sul-americano preocupa, pois a região é a principal importadora de industrializados
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO
O barulho maior vem da Europa, mas os dados mostram que os problemas mais relevantes para o Brasil no comércio exterior estão no Mercosul. Neste ano, as vendas para o bloco sul-americano estão caindo em ritmo mais forte do que as exportações para a União Europeia.
De janeiro a maio, o Brasil vendeu para Argentina, Paraguai e Uruguai 10,3% menos que no mesmo período de 2011. É o pior resultado entre os quatro principais destinos das exportações. O bloco europeu, em grave crise, cortou as compras do Brasil em 5,1% no período.
O aumento da demanda de China e Estados Unidos está compensando a queda das exportações para os dois blocos. O que mais surpreende é a forte recuperação das vendas para os EUA, que crescem 27,5% em 2012.
A queda no Mercosul é especialmente preocupante, pois a região é a principal importadora de industrializados do Brasil. No ano passado, os três países consumiram US$ 25 bilhões em manufaturas brasileiras, 27% do total exportado por nós.
Neste ano, até maio, a total venda de manufaturados do Brasil sobe 5,2%, mas recua 9,5% para o Mercosul.
Além da desaceleração econômica do bloco, as vendas para o Mercosul caem, principalmente, por causa do aumento das barreiras comerciais na Argentina.
Em meio à crise europeia e ao esfriamento da demanda doméstica, é mais um fator que puxa nosso crescimento brasileiro para baixo. A aposta mediana do mercado é que o Brasil cresça 2,3% em 2012.
A indústria, que desde 2011 tem desempenho pífio, é o setor mais prejudicado, já que 90% do que o Mercosul compra de nós é manufatura.
“O protecionismo argentino se intensificou e a economia do país está muito fragilizada. As exportações vão cair ainda mais neste ano”, diz Roberto Giannetti, diretor de comércio exterior da Fiesp.