A Balança Comercial deverá ficar favorável em U$S 635 milhões, ante projeção de U$S 7,22 bilhões elaborada em dezembro do ano passado
Um salto esperado de quase 40 por cento nos embarques de petróleo do Brasil em 2014, na comparação com o ano passado, ainda deverá garantir um pequeno superávit da balança comercial do país neste ano, previu nesta terça-feira a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), que reduziu fortemente suas expectativas.
A AEB revisou para baixo suas estimativas em meio à crise econômica na Argentina, que impactou nas previsões de exportações do Brasil ao país vizinho
A AEB revisou para baixo suas estimativas em meio à crise econômica na Argentina, que impactou nas previsões de exportações do Brasil ao país vizinho, atingindo o saldo comercial brasileiro, que agora deverá ficar em 635 milhões de dólares, ante projeção de um superávit de 7,22 bilhões de dólares elaborada em dezembro do ano passado.
A atual previsão de superávit do país representa uma queda de 75,2 por cento em relação a saldo comercial de 2013, em função de uma expectativa de queda nas exportações de plataformas do petróleo e vendas de produtos para a Argentina, especialmente no setor automobilístico.
As exportações totais do Brasil em 2014 foram estimadas em 228,24 bilhões de dólares, queda de 5,8 por cento ante 2013, contra expectativa de exportação de 239 bilhões na projeção anterior.
As importações foram previstas em 227,6 bilhões de dólares, queda de 5 por cento ante o ano passado, e também abaixo da projeção da AEB feita em dezembro, de 231,8 bilhões de dólares.
“É um superávit ‘negativo’, ele é obtido por quedas nas exportações e importações, este ano temos uma queda nas exportações maior do que (a queda) projetada nas importações”, afirmou o presidente da AEB, José Augusto de Castro, em entrevista à Reuters.
Esse superávit, entretanto, fia-se na expectativa de um aumento da produção da Petrobras, que deve avançar no segundo semestre, conforme previsão da empresa. Além disso, outras petroleiras que atuam no país estão expandindo a produção, disse Castro.
A queda na exportação total do país deste ano ante 2013 ocorrerá especialmente por uma redução nas vendas de plataformas da Petrobras. “Quem exporta é um estaleiro para a Petrobras no exterior, e essa subsidiária aluga a plataforma para a Petrobras no Brasil. Quando sai é uma exportação, quando volta é contratação de um serviço”, afirmou o presidente da AEB.
Segundo ele, essa “exportação ficta” resultou em vendas externas do país de 7,7 bilhões de dólares em 2013. Este ano, devem somar 2,5 bilhões, ante expectativa inicial de 5 bilhões de dólares.
“O segundo fator é a Argentina, é um fator que não estava previsto no final do ano passado, e agora deve ter uma queda de 3 bilhões em relação ao previsto no final do ano passado, por causa da crise”, afirmou.
O país vizinho enfrenta uma crise de dívida após ter sido condenado pela Justiça dos Estados Unidos a pagar valores bilionários a antigos credores.
Na área dos produtos básicos, que respondem por cerca de metade das exportações do Brasil, os embarques de petróleo deverão somar 18,1 bilhões de dólares, alta de 39,9 por cento ante 2013, favorecendo o superávit comercial do país, que deverá ser ajudado também por embarques de carne bovina recordes, que deverão somar mais de 6 bilhões de dólares, além do crescimento de 23,5 por cento das exportações de café, para 5,7 bilhões de dólares.
O crescimento nas exportações desses produtos básicos ajudará a compensar a queda nos embarques de minério de ferro (o principal da pauta de exportação do país), que deverá recuar 7,5 por cento este ano, segundo a AEB, para cerca de 30 bilhões de dólares.
Castro observou também que as importações de petróleo do país deverão cair ante 2013, em meio ao crescimento da produção, mas as compras externas de derivados ainda deverão subir ante o ano passado.
Fonte: Agência Reuters