Exportações impedem queda maior no trimestre


O setor externo contribuiu de forma positiva para o PIB no segundo trimestre e, segundo alguns analistas, é um dos poucos fatores favoráveis no curto prazo, apesar de Guido Mantega, ministro da Fazenda, apontar que o cenário mundial prejudicou o desempenho do país no decorrer do ano. Ao comentar o PIB, o ministro mencionou, entre os fenômenos que afetaram a economia no trimestre, a frustração com o crescimento mundial.
Para analistas, contudo, sem o setor externo o desempenho da economia de abril a junho teria sido pior. A elevação do volume exportado e a retração da importação amenizaram a queda do PIB.
“Acho que a única fonte de expectativa positiva, a curto prazo, é a demanda externa, que já salvou o PIB de uma contração mais forte [no segundo trimestre]. As exportações cresceram, as importações estão caindo muito em função da queda do investimento”, diz Armando Castelar Pinheiro, coordenador de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV). “Se não fosse a demanda externa, o PIB teria caído 1,6% na comparação do segundo trimestre contra o mesmo trimestre do ano anterior, em vez do recuo de 0,9%. Então, onde podemos ter algum alívio econômico é na demanda externa, na queda das importações.”
Em boletim, a Rosenberg & Associados destacou o mesmo dado – queda de 1,6% na demanda doméstica no segundo trimestre em relação a igual período de 2013 – e lembrou que “essa é a primeira retração da absorção doméstica nessa base de comparação desde a crise de 2009.”
Também em relação ao trimestre anterior, dizem analistas, a contribuição do setor externo foi favorável. Nessa comparação, com ajuste sazonal, o PIB caiu 0,6% no segundo trimestre, enquanto as exportações aumentaram 2,8%. No mesmo critério, com queda de 2,1%, a importação também teve evolução favorável para o PIB.
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, lembra que os dados refletem a elevação na exportação da soja e do minério. “Para o PIB, a exportação é medida em volume. A exportação de soja subiu de 9 milhões de toneladas no primeiro trimestre para 22,7 milhões no segundo. Já o minério aumentou, no mesmo período, de 71 milhões para 84 milhões.”
Na importação, o recuo aconteceu em bens de consumo e em bens de capital, diz Castro. Para o terceiro trimestre, a exportação deve crescer menos, mas no líquido o setor externo deve contribuir positivamente, devido à queda mais acelerada da importação.

Fonte –  Valor Econômico


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