Os produtores brasileiros de papel tissue estão em alerta devido à alta de custos dos insumos usados na fabricação de seus produtos, como papel higiênico, papel toalha, guardanapos e lenços de papel.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), a matéria-prima utilizada no setor de tissue teve forte alta de preços em 2020. Dentre os insumos, destacam-se: celulose, aparas de papel brancas e marrons, embalagens plásticas e de papelão, energia elétrica e GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), usado na secagem do papel.
Sofreram fortemente com a alta de preços o papel maculatura, utilizado em tubetes marrons do papel higiênico e toalha, e as aparas brancas, utilizadas na fabricação dos papéis higiênicos mais baratos, feitos com material reciclado.
Nas embalagens plásticas, a alta de preços se deu tanto pelo custo da resina plástica, que é atrelado ao dólar e à cotação internacional do petróleo, como pelas paradas da indústria de embalagens no momento de distanciamento social mais difícil da pandemia.
O problema é que a indústria não tem conseguido repassar ao varejo todas essas altas de custos. No IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação no Brasil, o papel toalha acumulou deflação de 7,32% até novembro, enquanto o papel higiênico teve alta de preço de 3,24% em 11 meses.
Estimativas da Abihpec apontam que as aparas de papel tiveram alta entre 26% e 31% entre janeiro e novembro. Já o GLP aumentou 3,5% apenas em outubro, enquanto materiais de embalagens, como caixas de papelão, registraram alta de cerca de 10%; o filme plástico liso, alta de 11,5%; o filme impresso, alta de 9%; e a maculatura, alta de 7,5%.
Diante desse cenário, a indústria se queixa da resistência das grandes redes de supermercados em aceitarem reajustes de preços dos produtos, como forma de compensar a alta de custos do setor.
No entanto, a associação que representa os fabricantes descarta, neste momento, desabastecimento para os consumidores finais. Em nota, a Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), afirmou, que a indústria nacional de celulose e papel dispões de insumos suficientes para atender ao mercado.
O principal receio da indústria é que o desequilíbrio financeiro gerado por essa ruptura entre custos aos produtores e preços aos compradores leve à falência e a aquisições de pequenas empresas, resultando em uma maior concentração do setor, o que pode prejudicar o mercado como um todo.
Segundo Pedro Vilas Boas, diretor da Anguti Estatística, consultoria especializada no mercado de papel, o mercado brasileiro de papel tissue é hoje “bastante pulverizado”, e conta, atualmente, com 59 fabricantes.
Fonte: Tissue online