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MARIANA CARNEIRO
DE BUENOS AIRES
Recém-chegado à Casa Rosada, sede do governo da Argentina, Mauricio Macri anunciou uma série de medidas para liberalizar o comércio internacional do país -inclusive restrições burocráticas muito criticadas por industriais brasileiros.
O novo presidente eliminou impostos, criados em 2012, que encareciam as exportações de produtos industriais e agropecuários, e avisou que pretende levantar, ainda nesta semana, o cerco ao dólar, que limita as compras no exterior e as despesas em moeda estrangeira.
O alento chega em um momento de baixa do comércio exterior do pais vizinho, que sofre com a queda do preço das matérias-primas e a recessão no Brasil, seu principal mercado.
Com o fim dos impostos, Macri quer resolver um dos problemas mais urgentes da economia local neste momento: a escassez de dólares.
Quer, ainda, ganhar a confiança de investidores estrangeiros, para que voltem ao país e tragam dinheiro para tirar a economia do atual estancamento.
LIBERAÇÃO
O ministro da produção, Francisco Cabrera, afirmou que as barreiras burocráticas levantadas para impedir a entrada de importados, as DJAI (Declaração Jurada de Autorização à Importação) perderão a validade em 31 de dezembro, como pactado com a OMC (Organização Mundial do Comércio).
As barreiras, criadas no governo Cristina Kirchner, eram criticadas pelos exportadores brasileiros, que viam na medida um escudo protecionista para dificultar a entrada de produtos no país vizinho.
A limitação às compras no exterior prejudicou a atividade de empresas que precisam importar peças para produzir, como as montadores de automóveis, o que abateu a economia.
Mas se a liberação atende a essas companhias, coloca em alerta outra parte do setor produtivo, que teme a concorrência dos importados após anos de protecionismo.
A última e mais difícil etapa de reabertura é acabar com o cerco ao dólar, limitações impostas em 2012 que restringem o pagamento de operações de comércio exterior.
APOIO
Para retirar essas restrições, o país tem que, antes, ter dólares em caixa para fazer frente à demanda que surgirá, sob pena de sofrer uma escalada da moeda americana.
Macri adiantou aos empresários que pretende levantar o cerco ainda nesta semana e disse que tem recebido apoio internacional.
“É impressionante o número de ligações que recebi com promessas de cooperação de países e de instituições financeiras”, disse.
O presidente, porém, indicou que não tolerará aumentos de preços na esteira de uma esperada alta do dólar.
“Temos os instrumentos necessários para corrigir qualquer abuso em termos de preços”.
Fonte: Folha
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