Governo já admite rebaixamento do rating em 2015


Com as sinalizações recentes das agências de rating, o governo traçou alguns cenários para a classificação de risco de crédito do Brasil após as eleições. A avaliação da equipe econômica é que, em 2015, mesmo que seja feito um ajuste fiscal forte logo no início do ano, é difícil que a nota da dívida soberana do país escape de um rebaixamento pela Moody’s. A agência revisou neste mês a perspectiva do rating brasileiro de “estável” para “negativa”, reafirmando a nota em “Baa2”.
Caso isso se confirme, o rating da Fitch (“BBB”) ficará descasado e integrantes da equipe econômica já veem a possibilidade de um rebaixamento também pela agência – o que deixaria o Brasil a um degrau de perder o grau de investimento nas três principais agências de rating do mundo.
Para 2016, existem dois cenários opostos considerados pelo governo: se não for feito um ajuste fiscal ou se o ajuste não for suficiente para sinalizar uma mudança na política fiscal e a retomada do crescimento, o governo já trabalha com a possibilidade de perder o grau de investimento pela Standard & Poor’s. Tal probabilidade, no entanto, ainda é considerada baixa. Atualmente, a S&P classifica o Brasil em “BBB-“, uma nota abaixo da atribuída pelas outras duas agências.
A avaliação é que não há mais espaço para justificativas acerca do mau desempenho da economia brasileira. Ainda que considerada pequena, a probabilidade de “downgrade” já acendeu o sinal amarelo na equipe econômica, por conta do impacto que teria no financiamento da dívida e nas contas públicas.
Mas, se for feito um ajuste significativo e os indicadores responderem, o governo é otimista. A avaliação é que é possível recuperar na S&P a nota “BBB” perdida em março, em 2016 ou 2017.
No mercado, a avaliação de analistas é que o rating nos próximos anos dependerá totalmente do resultado das eleições. Uma vitória da oposição sinalizaria mais claramente um ajuste do ponto de vista fiscal, além da diminuição da “contabilidade criativa” utilizada pelo governo Dilma Rousseff para fechar as contas nos últimos anos. Para o economista da Tendências Consultoria Silvio Campos Neto, é necessário que o próximo presidente faça um ajuste fiscal logo no início do governo, sinalizando mudanças na qualidade do superávit primário, com o fim de manobras fiscais, e abrindo espaço para o crescimento da atividade.
“O que se percebe é que as agências não vão mais dar o benefício da dúvida para o Brasil”, completa Campos Neto.
No início do mês, o governo brasileiro foi pego de surpresa pela decisão da Moody’s, que atribuiu perspectiva negativa à nota do Brasil. A equipe econômica esperava a piora da perspectiva apenas em 2015, deixando para o ano seguinte qualquer alteração na nota.
Na época, o Ministério da Fazenda divulgou nota afirmando que o rebaixamento da perspectiva refletia fatores conjunturais do primeiro semestre do ano, mas que os problemas que afetaram o crescimento econômico naquele período já estavam superados. “O Brasil é uma economia sólida e já iniciou, neste segundo semestre, uma trajetória de gradual recuperação que terá continuidade ao longo do ano que vem”, disse a nota.

Governo já admite rebaixamento do rating em 2015 – Lorenna Rodrigues | Valor – 29/09/2014Com as sinalizações recentes das agências de rating, o governo traçou alguns cenários para a classificação de risco de crédito do Brasil após as eleições. A avaliação da equipe econômica é que, em 2015, mesmo que seja feito um ajuste fiscal forte logo no início do ano, é difícil que a nota da dívida soberana do país escape de um rebaixamento pela Moody’s. A agência revisou neste mês a perspectiva do rating brasileiro de “estável” para “negativa”, reafirmando a nota em “Baa2”.Caso isso se confirme, o rating da Fitch (“BBB”) ficará descasado e integrantes da equipe econômica já veem a possibilidade de um rebaixamento também pela agência – o que deixaria o Brasil a um degrau de perder o grau de investimento nas três principais agências de rating do mundo.Para 2016, existem dois cenários opostos considerados pelo governo: se não for feito um ajuste fiscal ou se o ajuste não for suficiente para sinalizar uma mudança na política fiscal e a retomada do crescimento, o governo já trabalha com a possibilidade de perder o grau de investimento pela Standard & Poor’s. Tal probabilidade, no entanto, ainda é considerada baixa. Atualmente, a S&P classifica o Brasil em “BBB-“, uma nota abaixo da atribuída pelas outras duas agências.A avaliação é que não há mais espaço para justificativas acerca do mau desempenho da economia brasileira. Ainda que considerada pequena, a probabilidade de “downgrade” já acendeu o sinal amarelo na equipe econômica, por conta do impacto que teria no financiamento da dívida e nas contas públicas.Mas, se for feito um ajuste significativo e os indicadores responderem, o governo é otimista. A avaliação é que é possível recuperar na S&P a nota “BBB” perdida em março, em 2016 ou 2017.No mercado, a avaliação de analistas é que o rating nos próximos anos dependerá totalmente do resultado das eleições. Uma vitória da oposição sinalizaria mais claramente um ajuste do ponto de vista fiscal, além da diminuição da “contabilidade criativa” utilizada pelo governo Dilma Rousseff para fechar as contas nos últimos anos. Para o economista da Tendências Consultoria Silvio Campos Neto, é necessário que o próximo presidente faça um ajuste fiscal logo no início do governo, sinalizando mudanças na qualidade do superávit primário, com o fim de manobras fiscais, e abrindo espaço para o crescimento da atividade.”O que se percebe é que as agências não vão mais dar o benefício da dúvida para o Brasil”, completa Campos Neto.No início do mês, o governo brasileiro foi pego de surpresa pela decisão da Moody’s, que atribuiu perspectiva negativa à nota do Brasil. A equipe econômica esperava a piora da perspectiva apenas em 2015, deixando para o ano seguinte qualquer alteração na nota.Na época, o Ministério da Fazenda divulgou nota afirmando que o rebaixamento da perspectiva refletia fatores conjunturais do primeiro semestre do ano, mas que os problemas que afetaram o crescimento econômico naquele período já estavam superados. “O Brasil é uma economia sólida e já iniciou, neste segundo semestre, uma trajetória de gradual recuperação que terá continuidade ao longo do ano que vem”, disse a nota.


Fonte: Valor Econômico


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