Determinada a fazer com que o comércio exterior seja um dos pilares para alavancar o crescimento do país no médio e longo prazos, a presidente Dilma Rousseff incumbiu seus ministros a retomar um dos princípios básicos da Câmara de Comércio Exterior (Camex): traçar estratégias consistentes para maior inserção do Brasil no mercado internacional. “Há a clara percepção de que é possível fazer mais em busca da expansão do nosso comércio”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Tovar Nunes. “E temos de discutir qual a melhor forma de fomentar isso: se mais crédito ou ênfase em acordos comerciais sejam bilaterais ou em bloco”. Nesse sentido, o governo brasileiro vê uma janela de oportunidade para voltar a negociar o acordo entre Mercosul e União Europeia, cujas discussões estavam adormecidas há dois anos em razão do recrudescimento da crise naquela região. A proposta será posta à mesa hoje pelo ministro Antonio Patriota durante o Conselho de Ministros, que se reúne pela primeira vez desde o início da gestão de Dilma. O Brasil quer aproveitar a presidência do Mercosul, que termina no início de dezembro, para tentar aparar as arestas com os europeus e dar um passo adiante. Em 2010, houve a tentativa de retomar as tratativas, mas houve impasse comandado pela França na questão da liberalização agrícola. O Itamaraty vê agora uma situação mais favorável às negociações, uma vez que um acordo dessa magnitude pode, inclusive, ser favorável aos europeus. De um lado, pelo próprio interesse no aumento do fluxo de investimento entre todos os países envolvidos. Por outro, a adesão da Venezuela ao Mercosul traz uma expansão do mercado de consumo da região no qual os produtos não terão problemas em desembarcar. Segundo Nunes, há disposição de sentar novamente para examinar os caminhos mais adequados para uma finalização do acordo no futuro. “E até o cacife do Brasil mudou nesses 11 anos desde que as negociações tiveram início. Somos outro país”, disse, ressaltando que muitos países têm mostrado grande interesse em interagir com o Brasil. Ele lembra que, mesmo com a suspensão temporária do Paraguai para as decisões em bloco não alteram as tratativas, uma vez que as preocupações daquele país já estão contempladas na proposta. Diante da estratégia agressiva da China, que tem um olhar e uma tomada de posição em praticamente todas as partes do mundo, Nunes é taxativo: “Não há mais espaço para hesitação”. “Se eles estão na África ou no Caribe, em lugar de disputas, vamos juntos”, disse ele, que junto com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, elaborou minuta para a criação da Camex, em 1995. Essas decisões, assim como os planos de como aproveitar melhor o potencial comprador dos países árabes e de outros asiáticos que vêm apresentando alto dinamismo econômico, serão tomadas de forma coordenada pelos ministros da Camex. (Fonte: Brasil Econômico)