No primeiro semestre do ano, as receitas federais superaram em R$ 17,2 bilhões as despesas com pessoal, custeio, programas sociais e investimentos, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Tesouro Nacional.
O saldo do governo central (governo federal, Banco Central e Previdência Social), conhecido como superavit primário, foi a metade do alcançado no primeiro semestre do ano passado e o pior para um primeiro semestre desde 2000, quando o resultado foi de R$ 15,4 bilhões.
O governo federal comprometeu-se a poupar R$ 80,8 bilhões até o fim do ano. Até a metade dele, cumpriu pouco mais de 21% dessa meta.
Em junho, o governo federal teve deficit de R$ 1,9 bilhão, o pior resultado para junho de que se tem registro. O governo federal atribui o fraco resultado à atividade econômica e aos feriados do mês, em função da Copa do Mundo.
“O resultado fiscal foi menos dinâmico. Ele é decorrente de uma receita menos forte, que tem a ver também com atividade econômica do semestre e com a temperatura da economia menor, isso significa menos inflação”, afirmou o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.
Augustin afirma que o Tesouro continua “trabalhando com a meta” e que confia em “dois fenômenos” no segundo semestre para que ela seja cumprida – mais crescimento econômico, com consequente alta de receita, e arrecadação de parcelas do Refis (programa de parcelamento de dívidas tributárias).
“Os dados de atividade econômica do segundo semestre, assim como receita, estamos estimando como sendo melhores do que no primeiro semestre. Em junho, mês de muitos feriados e eventos esportivos, diminuiu um pouco a atividade econômica e a arrecadação.”
META
O descompasso entre arrecadação de receitas, que cresce no ritmo lento da economia do país, e dos gastos do governo, em expansão mais acelerada em ano eleitoral, fica evidente nos resultados do semestre.
As receitas cresceram 7,2% de janeiro a junho, enquanto as despesas tiveram expansão de 10,6% no período, em comparação com o ano passado.
A administração petista tem afirmado que vai cumprir a meta fiscal do ano. Para tanto, vai lançar mão de expedientes contábeis, como uso de dividendos extraídos das empresas estatais e das receitas do Refis.
No semestre, o caixa do Tesouro contou com a entrada de R$ 10,5 bilhões de dividendos de estatais, valor 36,3% superior ao mesmo período do ano passado.
Até o fim do ano, conta com a entrada de R$ 18 bilhões do Refis.
CONCESSÕES
Para reforçar seu caixa, o governo trabalha ainda com a entrada de R$ 13 bilhões no ano com concessão de serviços públicos. Até junho, entrou R$ 1,2 bilhão.
Desse total, o governo estima que R$ 8 bilhões venham do leilão da faixa de frequência para internet 4G, previsto para setembro.
Arno Augustin afirmou que o governo não trabalha com adiamento ou mudança no leilão, e que conta com a entrada desses recursos ainda este ano.
Fonte: Folha UOL