– A redução no valor do desembarque de bens de capital e de bens de consumo duráveis contribuiu para uma desaceleração maior da importação em março. Enquanto as exportações totais tiveram elevação média diária de 3,5% em março, na comparação com o mesmo mês do ano passado, as importações cresceram 1,7%. A importação de bens de capital recuou 3,2% em relação a março do ano passado, pelo critério de média diária. A balança de março fechou com superávit de US$ 1,55 bilhão, o que representa alta de 24% em relação ao mesmo mês de 2011. Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). José Augusto de Castro, presidente em exercício da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), diz que a queda dos desembarques de bens de capital em março pode ser mais um reflexo da redução de investimentos pelas empresas. “O principal item que provocou essa redução foi a importação de bens de capital e seus acessórios pela indústria”. De acordo com os dados do Mdic, a média diária da importação de maquinaria industrial caiu 13,3% em março, na comparação com o mesmo mês do ano passado. O desembarque de acessórios de máquinas industriais teve queda de 7,1%. “É uma redução de importação que pode significar uma menor confiança da indústria na elevação de produção”, diz o executivo da AEB. Castro lembra que os desembarques de março refletem encomendas que deixaram de ser feitas há cerca de quatro ou seis meses – ou seja, em torno do último trimestre do ano passado. No primeiro trimestre, a balança comercial acumula superávit de US$ 2,44 bilhões, o que representa queda de 23,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O saldo positivo é resultado de exportações de US$ 55,08 bilhões e de importações de US$ 52,64 bilhões. A secretária de Comércio Exterior do Mdic, Tatiana Prazeres, afirmou que o desempenho do trimestre está dentro do cenário projetado para 2012 pelo ministério, cuja previsão de crescimento das exportações é de 3,1%. “Os três meses do ano confirmam nossas previsões de que podemos fechar 2012 com superávit positivo, embora inferior ao do ano passado, que foi excepcionalmente ativo para o comércio brasileiro”, disse. No acumulado do trimestre, a China voltou a assumir a liderança no ranking de principal destino das exportações brasileiras, depois de essa posição ser ocupada pelos Estados Unidos nos dois primeiros meses deste ano. As exportações para a China somaram US$ 7,9 bilhões no trimestre, expansão de 8,8%, na comparação, pela média diária, com igual período de 2011 (quando foram exportados US$ 7,14 bilhões). De acordo com Tatiana Prazeres, se destacaram as vendas de petróleo e, especialmente, soja para aquele país. Castro, da AEB, acredita que a elevação da exportação de soja deve-se à antecipação dos embarques do grão. Os preços da soja, diz, estão cerca de 30% acima da média do ano passado. “É um quadro diferente do que se previa inicialmente. Por isso os embarques estão sendo antecipados para aproveitar esse preço mais alto”. Tatiana também chamou atenção para a alta de 12,5%, no primeiro trimestre, das exportações para o continente asiático, superior ao crescimento das compras chinesas no período. A expansão foi puxada, principalmente, por Índia, Taiwan e Filipinas. Em todo ano passado, a China foi o principal destino das exportações brasileiras, atingindo US$ 44,32 bilhões, enquanto os Estados Unidos, o segundo maior comprador individual de produtos brasileiros, responderam por US$ 25,94 bilhões em aquisições. Neste ano, para Tatiana, o grande destaque é a recuperação das exportações brasileiras para a economia americana. As vendas para os Estados Unidos aumentaram 38,8% na comparação do primeiro trimestre deste ano com o mesmo período de 2011 pelo critério de média diária. A secretária do Mdic ressalta que a pauta de exportações brasileiras para os Estados Unidos é bastante diversificada, abrangendo de produtos básicos, como petróleo (crescimento de 107,5% no trimestre), a bens manufaturados, como aeronaves (aumento de 162% na mesma base de comparação). Tatiana disse que o comportamento do primeiro trimestre deste ano ainda não dá sinais muito claros de qual é a tendência das exportações brasileiras em meio à continuidade da crise financeira global. Ela cita como exemplo a União Europeia. Se, por um lado, foram registradas quedas em mercados relevantes, como Alemanha, Itália e Espanha, por outro, o Brasil conseguiu ampliar as exportações para Irlanda, Portugal e França. (Fonte: Valor Econômico)