Empresários com o otimismo reduzido e o pé no freio nos investimentos. Consumidores menos dispostos a comprar diante de juros maiores e crédito escasso. Essa combinação fez a indústria patinar no primeiro trimestre deste ano e avançar apenas 0,4% ante igual período de 2013.
A pior notícia é que o setor caminha para crescer ainda menos do que o previsto em 2014. É que o IBGE reformulou a sua pesquisa de indústria e constatou um incremento maior em 2013 –de 2,3%, acima do 1,2% do antigo levantamento.
Com a base de comparação mais elevada e uma conjuntura que se mostra cada vez mais desfavorável, consultorias já começam a refazer seus cálculos e apontam para um avanço mais fraco da indústria e também do PIB.
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A Tendências irá rever para baixo sua previsão por causa da base mais forte. Atualmente, as expectativas apontam para expansão de 1,5% e 1,9%, respectivamente.
“Também não há nenhum sinal de melhora da confiança dos empresários, que continua muito baixa”, afirmou Rafael Bacciotti, economista da consultoria.
Para o analista, a revisão da pesquisa é favorável ao ampliar sua abrangência e trazer um dado mais “condizente com as cadeias produtivas” atuais.
O lado ruim, diz, é que o crescimento neste ano será ainda mais modesto.
Com o objetivo de ter um retrato mais fiel da indústria, o IBGE atualizou sua pesquisa mensal sobre o setor, ampliando o número de unidades e produtos investigados.
Também foi introduzida nova ponderação para cada segmento industrial e inclusão de Mato Grosso na pesquisa regional do setor, também divulgada mensalmente.
FREIO DOS VEÍCULOS
Com juros maiores, estoques elevados em setores importantes e consumidores acanhados diante do crédito mais caro e da inflação em alta, a indústria recuou 0,5% em março ante fevereiro, ritmo ditado especialmente pela menor produção de veículos.
Afetado pelo fim gradual do IPI reduzido e pelo acúmulo de estoques, o setor foi o que mais contribuiu também negativamente para o desempenho do primeiro trimestre, com queda de 6,3%, seguido por produtos de metal e máquinas e aparelhos elétricos.
Outro dado negativo foi a retração de 0,9% da categoria de bens de capital, que inclui máquinas, equipamentos, caminhões e outros bens destinados ao investimento no aumento da produção, no transporte ou nos serviços.
De fevereiro para março, a queda foi de 3,6%.
Para Rodrigo Miyamoto, do Itaú, os dados da indústria “aumentam os riscos” de uma uma atividade econômica “ligeiramente mais baixa” no primeiro trimestre do ano.
Já para o segundo trimestre, o banco espera “um crescimento moderado”, mesma tendência a ser mostrada para todo o ano de 2014.
Com a mudança da pesquisa da indústria –que cresceu mais em 2013–, a LCA prevê que o PIB de 2013 deverá ser revisto de 2,3% para algo no intervalo de 2,5% a 3%.
Fonte: Folha