Por Tatiane Bortolozi
O custo de vida subiu e o brasileiro apertou o orçamento, passou a ir menos aos pontos de venda e a pesquisar os preços com mais atenção. O setor de limpeza encontrou um consumidor mais seletivo em 2014, mas que continuou disposto a aumentar as compras na categoria.
O gasto médio com produtos de limpeza por domicílio subiu 13% em 2014 e somou R$ 339,72 no período, segundo a consultoria Kantar Worldpanel. A classe C, que representa 41% da população, foi a que mais aumentou as compras de produtos de limpeza em 2014, apesar de reduzir as idas aos pontos de venda. O tíquete médio de R$ 12,22 avançou 17% sobre um ano antes, enquanto na classe AB a alta foi de 12%, para R$ 15,23.
O Brasil é o quarto maior mercado de produtos de limpeza do mundo, depois de Estados Unidos, China e Japão, segundo a Euromonitor. Em 2014, o setor faturou R$ 17,2 bilhões no Brasil, alta de 11% sobre o ano anterior. O volume subiu 8,5%, segundo dados compilados pela Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla) em anuário divulgado ontem.
Neste ano, a entidade espera avanço mais relevante em volume que em faturamento. Reflexo da busca do consumidor por preços mais baixos, o “atacarejo” loja de atacado que vende também ao consumidor foi o único canal de distribuição a crescer em participação de vendas em 2014, enquanto os demais modelos tiveram queda ou se mantiveram estáveis.
A fatia do “atacarejo” passou de 7% para 8,4% em volume e subiu de 6,5% para 8% em valor. A fatia dos supermercados caiu de 54,6% para 54,4% em volume e manteve estabilidade em valor. Outro destaque foi o crescimento das regiões Norte e o Nordeste, líder nos aumentos em participação, volume e valor do setor em 2014, enquanto a maioria das outras regiões teve números pouco expressivos, segundo a Abipla.
A categoria de inseticida elétrico foi a que mais cresceu em valor, apoiada em novas tecnologias e pela busca de proteção contra epidemias nas cidades, como a da dengue. Outros destaques foram produtos para cozinha, limpa vidros e desodorizadores sanitários (ver tabela), que ainda são categorias pequenas no país. Em segmentos maiores, as vendas de sabão para lavar roupas cresceram 14,7% em reais e tiveram pequeno recuo em volume, reflexo do avanço das embalagens concentradas.
O setor tem a seu favor a não dependência de crédito e o fato de os produtos serem considerados essenciais. O comprador costuma ser fiel às marcas que está acostumado. A “nova classe média”, que passou a adquirir mais produtos de limpeza nos últimos anos, pela melhora de renda e por programas como o “Minha Casa, Minha Vida”, deve seguir como propulsora da expansão do setor, diz a presidente executiva da Abipla, Maria Eugênia Saldanha. A Unilever lidera o mercado de limpeza no Brasil, com participação de 25,3%. Em seguida vêm Reckitt Benckiser (12,6%), Química Amparo (11,2%), Bombril (6,2%) e Procter & Gamble (5,7%).
Fonte: Valor Econômico