EDUARDO CUCOLO
O sobe e desce recente na taxa dos títulos públicos mostra que investidores esperam juros mais altos nos próximos anos caso a presidente Dilma Rousseff seja reeleita.
Essa remuneração adicional está próxima de 1 ponto percentual ao ano até o início de 2018, segundo levantamento feito pela Folha com base nos dados divulgados pelo Tesouro Nacional.
O preço desses títulos mostra que investidores, entre eles pessoas físicas, empresas e bancos, estão apostando dinheiro nessa diferença.
Embora os preços sejam influenciados por vários fatores, analistas destacam que o cenário eleitoral tem sido determinante para as taxas.
Entre os motivos que levarão a juros maiores está a expectativa de alta do dólar, com impactos sobre a inflação, segundo economistas.
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Também é apontada necessidade de recuperar a credibilidade da política econômica. Um aumento de juros, portanto, teria efeito positivo, como ocorreu em 2003, início do governo Lula. Nesse cenário, as previsões são de que o país crescerá menos em 2015.
Nesse caso há uma discordância entre os analistas, pois alguns avaliam que essa diferença só aparecerá a partir de 2016, pois o próximo ano já estaria perdido.
Um título com juro prefixado com vencimento no início de 2018, por exemplo, pagava uma taxa de 12,54% ao ano no fim de setembro, quando Dilma liderava as pesquisas eleitorais e havia possibilidade de vitória no 1º turno.
Em 14 de outubro, diante da expectativa de que Aécio Neves estaria à frente nas simulações de segundo turno, o mesmo papel oferecia remuneração de 11,74% ao ano.
Na terça-feira (21), quando o Datafolha mostrou Dilma numericamente à frente de Aécio, os juros subiram para 12,37% ao ano.
No título com vencimento em 2023, que inclui projeções para período que vai além do próximo mandato presidência, a diferença de remuneração ficou em 1,25 ponto percentual por ano, considerando a mudança nas cotações em apenas uma semana.
Eduardo Velho, economista-chefe da gestora de recursos INVX Global, afirma que a vitória de Dilma pode levar o dólar a até R$ 2,84 (15% de variação sobre R$ 2,47).
Nesse caso, o aumento dos juros vai depender da capacidade do Banco Central de segurar esse movimento, que pode comprometer a meta de inflação deste ano.
Velho trabalha com 70% de probabilidade de manutenção da taxa Selic em 11% este ano no cenário Dilma e 100% para Aécio. Em 2015, o cenário é de manutenção com possível corte na gestão tucana. Ou alta de juros com possibilidade menor de estabilidade com a petista.
Thais Zara, da consultoria Rosenberg Associados, afirma que uma política que regate a confiança na economia brasileira só trará diferenças significativas a partir de 2016. “2015 vai ser um ano difícil para qualquer um dos dois.”
Já a consultoria Tendência avalia que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) seria de 1,6% no cenário Aécio e 1% no caso de reeleição. Para a inflação, a expectativa é de uma taxa mais alta em 2015, estourando a meta por conta de reajustes de tarifas.
Fonte: Folha