Microfranquias tentam atrair demitidos a investir rescisão em negócio próprio

 

DIEGO IWATA LIMA
DE SÃO PAULO

As redes de microfranquia estão de olho em um novo empreendedor em potencial: funcionários recém-demitidos que receberam dinheiro da rescisão.

Segundo estimativa do Ministério do Trabalho, cerca de 245 mil vagas foram fechadas no Brasil entre janeiro e maio.

“Tem muita gente competente, com dinheiro das rescisões contratuais em mãos, e com desejo de ter seu próprio negócio”, diz Pedro César de Oliveira, 26, dono da rede de maquiagem Miss Pink, do Paraná.

Após 19 anos trabalhando para os Correios, Antônio Maurício Ulian, 48, foi demitido em janeiro deste ano e decidiu se tornar um agente de viagens, pela franquia Poltrona 1.

“Sempre pensei em trabalhar em algo meu. Antes mesmo da demissão, eu já vinha pesquisando. Como sempre gostei de turismo, me pareceu uma boa”, conta.

Segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising), o segmento de microfranquias (com investimento inicial de até R$ 80 mil) deve crescer cerca de 10% em 2015.

Já levantamento da Serasa Experian aponta que, em 2014, a taxa de fechamento de franquias foi de 3,5%.

Os números promissores, contudo, não são garantia de sucesso para os empresários de primeira viagem. Ulian obedeceu a dois dos mandamentos fundamentais do microfranqueado: pesquisar o mercado e ter afinidade com o produto escolhido.

“Não adianta optar por uma franquia somente com base em preço e expectativa de ganhos. Se você não gosta daquilo que sua franquia vai comercializar, nem tente”, diz o analista Marcus Rizzo, da Rizzo Consultoria.

Outro ponto importante é estar disposto a dedicar muitas horas ao negócio.

Lucas Ducatti, 28, era gerente de uma loja de embarcações de luxo até o começo deste ano. Franqueado na área de cosméticos desde abril, ele logo percebeu a demanda de esforço necessária.

“A sua dedicação, ou falta dela, volta diretamente para você”, diz.

PESQUISA

Com tantas ofertas de microfranquias, os especialistas recomendam muita pesquisa e entrevista com outros franqueados antes de se optar por um negócio.

“As franquias sérias entregam uma circular aos interessados com contatos de outros franqueados”, diz a consultora Ana Vecchi.

Outra recomendação é verificar se a rede de franquia atua em muitos segmentos.

“Uma rede que tem uma franquia de resolução de problemas domésticos e outra de alimentos, por exemplo, pode não ser especialista em nada. Conheça a reputação delas”, diz Rizzo.

Do outro lado do negócio, as redes de microfranquia afirmam que ter dinheiro para investir não é o único requisito.

“Faço questão de entrevistar os candidatos. Temos mecanismos de triagem e seleção para garantir que não vamos associar nossa marca a uma pessoa sem capacidade de gerir o negócio”, diz Fábio Duran, 32, da Elefante Verde, franquia de marketing digital.

O investimento em um negócio próprio exige cautela.

A professora da FGV e consultora Vera Clau Waissman afirma que o custo de entrada relativamente baixo das microfranquias significa também um tempo maior até que o negócio seja lucrativo.

Por isso, a recomendação é que o empresário não invista toda a verba de sua indenização. “Pelo menos 30% do dinheiro deve ser preservado”, diz Waissman.

“A indenização em caso de demissão é uma verba emergencial. Por isso, o investimento precisa ser certeiro”, diz o consultor Marcus Rizzo.

“Se der errado, afinal, não haverá mais FGTS.”

CUIDADOS

Com tantas ofertas de microfranquias, os especialistas da área recomendam muita pesquisa e entrevista com outros franqueados antes de se optar por um negócio.

“As franquias sérias entregam uma circular aos interessados com contatos de outros franqueados”, diz a consultora Ana Vecchi.

“O candidato precisa exigir esse documento. Nele também estão informações sobre seus direitos e deveres”, diz Marcus Rizzo, da Rizzo Consultoria.

Rizzo compara o contrato de franquia com um casamento e diz que o empresário de primeira viagem deve conhecer todos os detalhes do negócio no qual pretende investir. “Depois que acaba a relação, não adianta mais reclamar dos problemas”, diz.

A falta de comunicação constante com a dona da marca deve ser vista com mau sinal pelo empreendedor.

Pedro Oliveira, 26, da Miss Pink, empresa de cosméticos de Londrina, no Paraná, encurta a distância com seus licenciados, incluindo um franqueado de Imperatriz, no Maranhão, a 2.000 quilômetros, via computador.

“Usamos videoconferência para solucionar dúvidas, expor diretrizes e prestar consultoria”, afirma.

Outra recomendação é verificar se a rede de franquia atua em muitos segmentos.

“Uma rede que tem uma franquia de resolução de problemas domésticos e outra de alimentos, por exemplo, pode não ser especialista em nenhuma das áreas. Conheça a reputação delas”, diz Rizzo.

Franquias há mais tempo no mercado também oferecem mais segurança.

“É como se já tivessem sido testadas e aprovadas”, diz Ana Vecchi.

Fonte: Folha

 

 

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