[:pt]”O barco do Brasil não está afundando” , diz Clinton [:]

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Por Daniel Rittner e Eduardo Campos

O ex­-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton minimizou ontem a gravidade da crise brasileira e transmitiu uma mensagem de otimismo sobre as perspectivas da economia. “O barco do Brasil não está afundando”, disse Clinton a quase 2 mil empresários, no discurso de encerramento do Encontro Nacional da Indústria.

Em tom de palestra motivacional, o ex-líder do Partido Democrata reconheceu que o momento político e econômico do país pode soar “desafiador”, mas ressaltou que “há poucos lugares” no mundo para ser tão otimista como o Brasil. Ao fim da exposição, muitos industriais se queixaram de que Clinton havia feito quase um discurso de autoajuda. Como preâmbulo, o ex­-presidente americano lembrou que muitas pessoas acreditavam que, depois da crise de 2008, o centro das decisões mundiais migraria para os países dos Brics.

A China tem enfrentado desafios para substituir o comércio exterior pela demanda interna como motor do crescimento, a Rússia foi atingida pela queda dos preços do petróleo e pelas sanções econômicas, as reformas liberalizantes propostas pelo governo da Índia não conseguem avançar no Parlamento. “Tudo isso teve impacto para o Brasil, porque uma parte significativa do PIB está relacionada às exportações. E boa parte das exportações é de commodities”.

Clinton fez uma pausa, no entanto, antes de enumerar as razões do otimismo com o Brasil. “Eu conclamo vocês a refletir sobre as notáveis mudanças que ocorreram no país durante os últimos 20 anos”, disse. Ele mencionou o “sucesso dramático” do Brasil em diversificar sua economia e conter a devastação das florestas tropicais. A capacidade de produção agrícola, matriz energética limpa e capital humano foram apontadas pelo ex-presidente como fatores que garantem uma condição privilegiada no século XXI.

Também fez duas menções aos progressos sociais advindos do Bolsa Escola, criado pelo “amigo” Fernando Henrique Cardoso, que depois “cresceu” e se tornou Bolsa Família na administração do ex­-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na visão de Clinton, o mundo passa por um período de travessia complexo e desigual, no qual figuram as interdependências globais positivas e negativas. Nesse contexto, o esforço é tentar enxergar e buscar sempre o lado positivo do balanço de forças.

O Brasil, na descrição do ex-­presidente, tem uma posição invejável: conta com recursos naturais e uma vizinhança relativamente tranquila, sem conflitos religiosos, como o Oriente Médio e parte da África, ou problemas de imigração, como a Europa “Minha recomendação é que toda manhã, quando lerem uma manchete negativa, pensem nas coisas boas que aconteceram nos últimos 20 anos, nas forças positivas que o Brasil tem, para lembrar que o país não é imune, mas tem mais forças positivas do que negativas”, afirmou.

Para ele, o mundo precisa de um Brasil bem­ sucedido e os EUA necessitam “desesperadamente” que seu principal parceiro no hemisfério sul dê certo. “Todo americano tem interesse em ver o sucesso brasileiro”, disse. Essa foi a 11ª vez em 15 anos que o ex­-presidente, segundo ele próprio, visitou o país. “Falo hoje como um amigo: apesar das dificuldades, existem poucos lugares para ser tão otimista como no Brasil.”

Fonte: Valor

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