[:pt]
O governo Dilma Rousseff acena com melhor oferta de liberalização do Mercosul à União Europeia (UE), em gestões persistentes junto aos 28 países membros do bloco europeu para obter o relançamento da negociação do acordo birregional de livre comércio antes do fim do ano. Como o Valor revelou, os europeus rechaçaram a sinalização dada recentemente pelo Mercosul de que apresentaria oferta cobrindo 87% do comércio. Para Bruxelas, só com algo mais próximo de 90% é que daria para retomar a negociação. Mas um importante negociador brasileiro disse ao Valor que “esses 87% são o ponto de partida para sentar na mesa e depois olharmos o que os europeus estão oferecendo”. Segundo ele, “esse percentual (de abertura do comércio) deve subir”.
De seu lado, o Mercosul já aceitou que a oferta europeia melhorada de abertura agrícola será limitada em relação ao apetite do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Embaixadores brasileiros têm procurado os governos e setores industriais na Europa, pedindo para apoiarem o “esforço feito pelo Mercosul” e adotarem postura positiva em vista da reunião de ministros de comércio da UE prevista para o dia 27, em Bruxelas, quando a negociação birregional estará na agenda.
A reação, porém, tem sido pouco favorável, conforme relatos de fontes oficiais e da área industrial na Europa, onde o termo “decepção” é repetido sobre o aceno feito por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No entanto, negociador brasileiro observa que a própria União Europeia fez ofertas iniciais menores em outras situações, como de 84% na negociação de acordo com o Japão, e de80% aos Estados Unidos na negociação da Parceria Transatlântica (TTIP).
Segundo ele, o combinado com a Comissão Europeia foi de que a oferta do Mercosul cobriria “no mínimo” 87% do comércio, mas agora mudaram as regras do jogo. Esse negociador diz que cada país do Mercosul ofereceu mais de 90% de liberalização, mas quando as ofertas foram cruzadas e consolidadas numa só o percentual caiu, porque há um produto que o Brasil oferece, mas a Argentina não, por exemplo. “Esperamos que prevaleça o bom senso e aceitem sentar na mesa para negociar”, afirmou a fonte. “A oferta de 87% é para início de negociação, e nós realmente queremos concluir rapidamente o acordo”.
Fonte: Valor Econômico (Por Assis Moreira) / 09/11/2015[:]