VALDO CRUZ
MÁRCIO FALCÃO
SOFIA FERNANDES
GUSTAVO PATU
“É o fim da era dos amigos do rei, da política de escolha de campeões” na economia. A avaliação foi feita reservadamente por dois empresários à Folha –um deles com interlocução no Palácio do Planalto –diante do discurso do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em cerimônia de transmissão de cargo.
Para eles, a fala do ministro sinalizou que, a partir de agora, o governo Dilma deve buscar tratar todos os setores da economia de forma igual, sem beneficiar esse ou aquele grupo como ocorreu no primeiro mandato.
A expectativa sobre os primeiros sinais sobre a linha de atuação do novo ministro da Fazenda trouxe nesta segunda-feira (5) a Brasília representantes peso-pesado do PIB brasileiro, especialmente do mercado financeiro.
Em comum, os empresários repetiram que o novo comando da pasta traz confiança e segurança para a economia diante de um cenário que promete turbulências.
Os recados de Levy foram bem recebidos pelo empresariado. Presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco afirmou que “a fala do ministro mostrou o rumo certo, de realidade fiscal e retomada dos investimentos”.
Jorge Gerdau disse que o sucessor de Guido Mantega “tem um nível de confiança muito elevado entre o empresariado” e “tem de ser político sob base técnica”.
Presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade avaliou que Levy trará mais “previsibilidade” para o empresariado investir.
CONSUMO
Para a empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, os ajustes do governo não devem afetar o varejo, uma vez que emprego e renda representam conquistas. “Nós esperamos que a economia se estabeleça, não tenha desemprego e o PIB volte a crescer. A crise mundial é pesada. Vamos viver um ano de ajustes.”
Ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles avaliou que a nova equipe econômica vai retomar a confiança à medida que as decisões estejam sendo tomadas e implementadas. “Confiança se ganha devagar”.
SETUBAL
Presente ao evento, o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, repetiu que Levy traz “segurança e confiança à economia”.
Ele não havia comparecido à posse da presidente Dilma. Nas eleições deste ano, o executivo afirmou que via “com naturalidade” a eleição de Marina Silva à Presidência, candidata que terminou na terceira colocação.
Empresários da indústria, como do setor automotivo, construção civil e metalurgia, também estiveram presentes na cerimônia realizada no Banco Central.
Fonte: Folha