Para Fiesp, é preciso usar a OMC como uma “armadura para defender o país”

 

Por Marta Watanabe

As discussões sobre política externa e o papel da Organização Mundial do Comércio (OMC) devem fugir de questões que estão longe da realidade do dia a dia e ser mais pragmáticas, disse Thomaz Zanotto, diretor de exportação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “É preciso um foco enorme”, afirmou durante evento promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) sobre comércio internacional.

Uma das questões que a OMC deve enfrentar em breve, diz Zanotto, é a discussão sobre a China como economia de mercado. “A China é pragmática. É preciso também defender os interesses e objetivos do Brasil. Se não usarmos a OMC como armadura para defender o país, a situação ficará trágica mais do que já está.” Entre os impactos para o Brasil, o diretor da Fiesp dá como exemplo o setor do aço, que poderá ser prejudicado porque a classificação da China como economia de mercado pode impedir a aplicação de medidas antidumping contra o país asiático.

Atualmente, diz, não é possível comparar a variação de preços entre os produtos chineses para exportação e de venda local. Para Luiz Olavo Baptista, do L.O. Baptista Advogados e ex-­presidente do órgão de apelação da OMC, o Brasil precisa de uma política externa que permita a integração, sem ficar preso ao multilateralismo, mas usando o bilateralismo de forma realista e pragmática. O Brasil, diz, já passou por períodos bons e ruins. “Agora estamos em época de vacas magras, com dificuldades na política externa.

O Brasil ficou isolado e não explorou o necessário nem fez mudanças nos acordos regionais para permitir que o sistema se tornasse flexível e possibilitasse expansão.” Segundo Baptista, mesmo com as mudanças em curso no comércio global, a OMC deve manter papel importante. “A OMC vai subsistir, porque é boa no que faz.” Márcio Luiz de Freitas Naves de Lima, diretor do Departamento de Negócios Internacionais da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), considera que a conclusão da Rodada Doha continua sendo um desafio para os 161 membros da OMC.

O diretor destacou três pilares da rodada: acesso a mercados, agricultura e serviços. O Brasil, segundo Lima, sempre teve posição protecionista na questão de acesso a mercados de bens industriais. “Mas acesso a mercado não diz respeito a tarifas, mas também a barreiras, condição importante para as exportações. Devemos trabalhar as barreiras, sem deixar de discutir tarifas”, diz.

Fonte: Valor

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