Para Mantega, atividade industrial mostra recuperação da economia



SOFIA FERNANDES

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comentou nesta terça-feira (2) que o aumento na produção industrial em julho é uma indicação de que a atividade econômica no segundo semestre vai se recuperar.

O ministro voltou a negar o quadro de recessão da economia no primeiro semestre.

“A economia não está parada e não está em recessão. Teve problemas passageiros no primeiro semestre, e no segundo semestre vamos em direção a uma gradual melhoria”, disse o ministro.

Após cinco meses de queda, a produção industrial cresceu 0,7% em julho, conforme informou o IBGE nesta terça. Na comparação com julho de 2013, contudo, o índice ficou negativo em 3,6%. Na comparação com julho de 2013, o índice ficou negativo em 3,6%. Com esse resultado, a indústria acumulou uma perda de 2,8% neste ano.

A taxa em 12 meses encerrados em julho registrou queda de 1,2%.

O resultado de julho ficou acima das expectativas do mercado. Pesquisa da agência Reuters mostrou que a mediana das projeções na comparação com junho era de alta de 0,50%. Na relação anual, a mediana das estimativas era de perda de 3,70%.

Pelos dados do IBGE, a alta em julho foi generalizada: 20 dos 24 setores pesquisados produziram mais do que em junho.

De um mês para outro, os destaques positivos ficaram com informática e eletrônicos (44,1%), veículos (8,6%) e outros equipamentos de transporte (31,3%) –os dois últimos foram puxados por automóveis e motos, respectivamente.

Já as quedas mais expressivas foram registradas por alimentos (6,3%) e refino de petróleo e álcool (2,6%) –esse sob impacto da parada de refinarias da Petrobras por causa de acidentes e manutenção.

ALENTO

O desempenho positivo da atividade industrial em julho veio como um alento ao governo da presidente Dilma, cuja política econômica tem sido alvo constante dos seus adversários na disputa ao Planalto.

Mantega fez também um aceno aos empresários, citando o dado de que o lucro das 271 maiores empresas com capital aberto no Brasil aumentou 56% no primeiro semestre em comparação com o mesmo período de 2013.

A receita líquida dessas empresas cresceu 11,9%, afirmou o ministro.

BENS DURÁVEIS

A leve retomada em julho decorreu especialmente diante de forte desempenho dos chamados bens duráveis, com alta de 20,3%, impulsionada pelo aumento da produção de veículos –após meses de fraco dinamismo, demissões e férias coletivas em montadoras. Foi a maior alta desde janeiro de 2009, quando havia sido de 26,1%.

Segundo a Anfavea (associação das montadoras), a indústria automotiva se recuperou em relação ao mês de junho, produzindo 17% de veículos a mais do que em relação ao mês, mas não o suficiente para reverter o quadro do ano. Na comparação com julho de 2013, a Anfavea aponta queda de 20,5%, somando 252,6 mil automóveis, o pior resultado para o mês desde 2006.

Também ajudou a retomada da produção de bens de capital (máquinas e equipamentos na produção de bens, na infraestrutura e na oferta de serviços, como transporte). A categoria apresentou alta de 16,7%, o melhor resultado desde janeiro deste ano.

PIB

A ligeira recuperação veio após o baixo desempenho do PIB, que caiu 0,6%segundo trimestre.

Como o resultado do primeiro trimestre foi revisado para queda de 0,2% (contra alta de 0,2% informado anteriormente), segundo parte dos economistas, o país entrou em recessão técnica.

A indústria e os serviços ditaram o tombo do PIB do primeiro para o segundo trimestre, com quedas de 1,5% e 0,5%, respectivamente.

Sob o prisma da produção, a indústria sente os reflexos do menor consumo e a competição cada vez maior com produtos vindos do exterior.

Até mesmo os serviços, que sustentavam o PIB, já mostraram contração na esteira da crise da indústria (que contrata serviços de transporte, consultorias, empresas de terceirização e outros) e do consumo dos lares do país.

Fonte: Folha

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