Preço menor afeta resultado das exportações (Valor Econômico – 26/11)

Por Marta Watanabe, Gabriel Caprioli e Bruno Peres | de São Paulo e Brasília

A balança comercial brasileira voltou a registrar déficit de US$ 1,3 bilhão na quarta semana de novembro, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). O valor resultou de US$ 4,151 bilhões em exportações e US$ 5,501 bilhões em importações. No ano, o resultado líquido é deficitário em US$ 1,4 bilhão.

Os preços continuam influenciando negativamente o desempenho das exportações. Da lista de 23 commodities mais importantes destacadas pelo Ministério do Desenvolvimento (Mdic), há queda de preço em 17 itens, levando em conta a comparação entre o preço médio das quatro primeiras semanas de novembro e a média de igual mês de 2012. Entre os produtos importantes com queda de preços, estão soja em grão, com recuo de 15,7%, e petróleo, com redução de 8,4%.

O comportamento dos preços em novembro não foi isolado. Relatório divulgado ontem pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) concluiu que o preço médio das exportações brasileiras deve recuar em 2013 pelo segundo ano consecutivo. De janeiro a outubro, o preço médio dos embarques recuou 3% em relação a iguais meses de 2012, puxado por semimanufaturados e manufaturados, com redução de 10% e 3,2%, respectivamente. No ano passado, os preços médios de exportação recuaram 4,9%, puxados por básicos e manufaturados, que tiveram queda respectiva de 8,2% e 6,9%. Em boletim, a Funcex ressalta que os preços de exportação em 2011 foram excepcionalmente elevados e, por isso, historicamente, os níveis atuais não podem ser considerados baixos.

No caso das exportações, a queda de preços tirou o efeito da elevação do volume de exportação que, no mesmo período, avançou 2,6%, puxado por manufaturados e semimanufaturados.

Do lado das importações também houve queda de preços. De janeiro a outubro o preço médio dos produtos desembarcados caiu 1,4%. O que chama a atenção na importação, porém, é a alta do volume, de 11,1%, considerado “expressivo” pela Funcex, mesmo levando em conta que no ano passado deixou de ser contabilizada uma parte dos desembarques de combustíveis.

Lia Valls, professora do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), lembra que desde 2008 a geração de superávit vem ficando mais dependente da exportação de commodities, com redução de participação dos manufaturados vendidos ao exterior. “A alta de preços de commodities em 2011 ajudou a balança, mas agora que os preços caíram ficaram mais evidentes os problemas de caráter estrutural”, diz a professora. Ela destaca que, isolando o petróleo e os combustíveis da balança, o país ainda tem superávit no acumulado do ano. “De qualquer forma, essa conta mostra a fragilidade da balança.”

O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, procurou demonstrar otimismo com o resultado da balança comercial para este ano, que pode ter recuperação em dezembro. O ministro destacou as exportações do agronegócio e do setor de mineração e afirmou que desde outubro há recuperação do saldo.

“Ainda acredito que a gente consiga reverter em dezembro e gerar, se não superávit, uma balança equilibrada”, afirmou ontem o ministro. “Esse ano o máximo que podemos esperar é uma balança equilibrada, com pequeno saldo, se tiver”, acrescentou o ministro para quem “a balança comercial brasileira não está desequilibrada”. Pimentel acompanhou reunião da presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto com o presidente mundial da Honda, Takanobu Ito, que comunicou o início das obras de uma nova fábrica da montadora em Itirapina (SP), com investimento de R$ 1 bilhão.

Dizendo-se otimista, o ministro classificou o déficit da balança como “razoavelmente pequeno”, e afirmou que o governo já conseguiu corrigir os problemas na conta petróleo com o retorno das operações de plataformas. “Estou otimista, acho que vamos conseguir equilibrar a balança, mas vamos ver, vamos aguardar, falta ainda um mês”, afirmou.

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