IDIANA TOMAZELLI
Analistas esperavam desde queda de 0,7% a alta de 0,7%; segundo o IBGE, no ano a produção da indústria acumula queda de 3,1% e em 12 meses, de 1,8%
A produção industrial voltou a registrar ligeira melhora. Em agosto, a produção da indústria cresceu 0,7%, o mesmo porcentual registrado em julho. Anteriormente, a tendência era o contrário: foram quatro meses seguidos de queda, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, a produção da indústria acumula queda de 3,1%. Já em 12 meses, o recuo é de 1,8%.
O resultado veio no teto do intervalo de expectativas dos analistas, que esperavam desde queda de 0,7% a avanço de 0,7%, com mediana de +0,15%. Em relação a agosto de 2013, a produção caiu 5,4%. Nesta comparação, sem ajuste, as estimativas de 41 casas variavam desde queda de 6,60% a recuo de 1,20%, com mediana negativa de 5,74%.
O resultado da produção industrial de agosto representa uma pequena melhora em relação ao desempenho da atividade ao longo de 2014, mas ainda não compensa as perdas registradas anteriormente. Com a segunda alta seguida, em base mensal, a produção teve alta acumulada de 1,4% entre julho e agosto – porém, de março a junho, a indústria havia tido perda de 3,4%.
“Há uma melhora em relação ao passado recente, mas não zera totalmente as perdas das quatro quedas entre março e junho. A base de comparação é baixa”, afirmou o gerente da Coordenação da Indústria do IBGE, André Macedo.
Em relação a igual período de 2013, porém, as quedas ainda predominam. Nesta comparação, a produção teve baixa de 5,4% em agosto. “Permanece aquele cenário que temos observado nos últimos meses. Não só a frequência de resultados negativos, mas a disseminação do perfil de queda da produção”, disse Macedo.
Bens de capital. A produção da indústria de bens de capital ficou estável em agosto ante julho, enquanto na comparação com agosto de 2013 o indicador mostrou queda de 13,4%. No acumulado dos oito primeiros meses deste ano, houve queda de 8,8% na produção de bens de capital. Já no acumulado em 12 meses, o recuo é de 2,4%. Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou redução de 0,8% na passagem de julho para agosto. Já na comparação com agosto do ano passado, houve recuo de 6,7%. No acumulado do ano, a queda é de 2,5%, enquanto a taxa em 12 meses é de -1,4%.
Na categoria de bens de consumo duráveis, o mês de agosto foi de redução de 3,0% na produção ante julho, e de queda de 17,9% em relação a igual mês de 2013. Entre os semiduráveis e os não duráveis, a produção caiu 0,8% em agosto ante julho e recuou 3,1% na comparação com agosto do ano passado.
Para os bens intermediários, o IBGE informou que o a produção aumentou 1,1% em agosto ante julho. Em relação a agosto de 2013, a atividade caiu 3,3%. No acumulado do ano, o instituto observou queda de 2,6% na produção, enquanto a taxa em 12 meses ficou em -2,0%.
Setores. O crescimento da produção industrial em agosto ante julho foi puxado por 14 dos 24 ramos pesquisados. O destaque foi o avanço de 2,4% registrado por indústrias extrativas, que apontou o sexto resultado positivo consecutivo, acumulando nesse período expansão de 7,3%. Segundo o órgão, a produção de petróleo é o que mais tem impulsionado o setor.
Outras contribuições positivas importantes sobre o total da indústria vieram dos setores de máquinas e equipamentos (3,9%) – a segunda taxa positiva, com crescimento de 11,8% em dois meses, mas sem compensar perdas anteriores -, de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,5%), de produtos alimentícios (1,1%), de produtos de borracha e material plástico (4,1%), de produtos do fumo (15,4%) e de produtos de metal (2,7%).
Por outro lado, entre os dez ramos que reduziram a produção em agosto, o maior impacto veio do setor de bebidas (-6,1%). Em seguida, influenciaram perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza (-4,2%), produtos farmacêuticos e farmoquímicos (-7,4%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,5%) e outros equipamentos de transporte (-6,9%).
Revisão. O IBGE revisou o desempenho da produção industrial em meses anteriores. Em junho ante maio, a queda passou de -1,4% para -1,6%. Já em maio ante abril, a taxa ficou em -0,8%, de -0,9% na leitura inicial.
Em relação a igual mês de 2013, a queda em julho ficou mais intensa, de -3,6% para -3,8%, puxada por bens de capital, que tiveram a taxa do período revisada de -6,4% para -8,2%. Na produção total, ainda foram revisadas as taxas de junho ante junho de 2013 (-7,1% para -7,0%) e de maio ante maio do ano passado (-3,4% para -3,3%).
Fonte: Estadão