Máscara facial anti-idade em pó com partículas de ferro que pode ser removida do rosto com um ímã; espuma de limpeza facial densa que sai da embalagem no formato de uma rosa; cremes que ao entrarem em contato com o ar se transformam em uma mousse levemente efervescente. O que todos esses produtos têm em comum? Oferecem uma experiência diferente e prazerosa ao consumidor, que mexe com seus sentidos. Essa é a grande tendência do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, confirmada pelas pesquisas do jornalista e trend forecaster inglês James Wallman, autor do livro Stuffocation. Elas mostram que 61% da geração de Millennials preferem experiência a produto.
Em outras palavras, fragrâncias deliciosas – revitalizantes, calmantes, energizantes –, texturas ricas e confortáveis, embalagens atrativas, sofisticadas e até interativas se tornaram indispensáveis nesse mercado. “Cheirar o produto, associar espuma abundante a alta eficácia e textura cremosa a fórmula rica são características observadas no mundo todo e também por aqui, no Brasil”, observa Flavia Zanella, consultora de Marketing de Cuidados para Pele e Proteção Solar da BASF na América do Sul. E isso leva o setor a constantes inovações.
Faça você mesmo
E se a inspiração antes vinha da França, agora desponta na Coreia. “As orientais valorizam a boa aparência, é uma necessidade cultural. A pele tem de ser perfeita e natural. Em um paralelo com a arte, é como se uma tela impecável fosse mais importante que uma bela pintura. O ato de se cuidar é vinculado a autoconfiança e autoestima. Os rituais incluem vários passos e produtos específicos, maximizando o potencial dos cuidados para corrigir e prevenir problemas. Por isso há tantas novidades em cosméticos por lá”, analisa Flavia.
Dentre as principais tendências de produtos que exploram a experiência sensorial no mercado internacional, Zanella destaca a DIY (do it yourself, em tradução livre, faça você mesmo). O consumidor consegue customizar, em casa, a forma de usar o produto, variando a intensidade e o resultado final de acordo com seus desejos. “Em um mundo hiperconectado e com imensa diversidade, as pessoas buscam uma maneira de se expressar e se diferenciar, em um processo de redescoberta da própria identidade. Fazer, construir ou até mesmo customizar um produto é uma maneira de imprimir a individualidade”, explica a especialista.
Marina Kobayashi, gerente do Instituto de Tecnologia e Estudos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ITEHPEC), afirma que no Brasil não estamos nem um pouco atrasados: “Temos avançado muito nas questões tecnológicas. Somos o segundo país que mais investe na indústria desse segmento, tanto que 30% do faturamento dos dois últimos anos são provenientes de lançamentos. Isso revela a qualidade e competitividade dos nossos produtos”. Para ela, somos inovadores porque temos necessidades específicas relacionadas ao clima e à diversidade étnica – e que não são atendidas por produtos importados. Flavia concorda. “Aqui, a grande maioria de pele oleosa prefere produtos leves, de rápida absorção e que deixam um toque macio, suave e seco. Podemos citar texturas aeradas (espumas, mousses, suflês) e as que trazem a sensação de refrescância. Fórmulas que imitam sorbet, geleias, com efeito efervescente, refrescante e inspiradas em alimentos também são muito bem aceitas no Brasil”, finaliza.
Fonte: Estadão/ABIHPEC