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FERNANDO NAKAGAWA, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR, FERNANDA GUIMARÃES E CYNTHIA DECLOEDT – O ESTADO DE S.PAULO
Brasil perdeu o chamado ‘selo de bom pagador’ por mais uma agência de risco, o que aciona regra que impede que fundos estrangeiros invistam no País
A decisão da Fitch de rebaixar o Brasil para “grau especulativo” aciona uma regra de boa parte dos grandes fundos globais de investimento que pode tirar mais de US$ 8 bilhões do País. Isso acontece porque muitos fundos só podem investir em mercados que têm o selo de bom pagador de duas agências de classificação – condição perdida pelo Brasil. A avaliação, porém, varia bastante, uma vez que a maioria dos gestores já se antecipou e há divergência sobre a posição restante em ativos brasileiros. Dados do JP Morgan indicavam, por exemplo, que os fundos passivos – aqueles onde as posições são desfeitas só depois de ratificada a segunda perda do grau de investimento, como ocorreu ontem – detinham US$ 1,5 bilhão em papéis do Brasil.
O Brasil perdeu o selo de bom pagador da segunda grande agência classificadora de risco.
Fitch foi a segunda agência de classificação de risco a tirar o grau de investimento do Brasil
As estimativas variam bastante. Instituições como a gestora britânica Ashmore e o espanhol BBVA acreditam haver posição restante de US$ 8 bilhões em papéis brasileiros que poderiam ser vendidos imediatamente. O Deutsche Bank cita US$ 12 bilhões só para o segmento de bônus bancários e o Barclays estima saída de US$ 10,7 bilhões, sendo US$ 9,1 bilhões em dívida corporativa e US$ 1,6 bilhão em papéis soberanos.
Cálculo. Há divergência sobre os números por não ser simples calcular a posição restante dessas carteiras. Isso acontece porque gestores não precisam informar em tempo real a posição de cada fundo e, ao mesmo tempo, muitas das posições relacionadas ao Brasil foram sendo desmontadas ao longo dos últimos meses com a rápida deterioração da economia.
Em relatório divulgado em agosto, antes mesmo de a S&P tirar o grau de investimento do Brasil, o banco JP Morgan citava que a saída de recursos do País em caso de perda de grau de investimento por duas agências poderia chegar aos US$ 20 bilhões, sendo US$ 6,2 bilhões em bônus do governo e US$ 12,5 bilhões de papéis de empresas, além de US$ 1,5 bilhão nos fundos passivos – carteiras que prometem retorno igual ao do referencial.
Fonte: Estadão
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