Webinar abordou a necessidade de inovar em produtos para garantir adequação e satisfação dos consumidores diante de condições climáticas extremas
As mudanças climáticas representam grandes desafios, afetando todos os setores da economia. A indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC), por exemplo, é impactada de forma direta, desde o desenvolvimento de novas fórmulas, onde a segurança e a eficácia dos produtos devem estar ajustadas a condições climáticas extremas, até o impacto na produção e disponibilidade de recursos na cadeia de suprimentos. A ABIHPEC promoveu, na semana passada, o webinar “A Indústria de HPPC frente às Mudanças Climáticas: da Crise às Oportunidades – Perspectivas de Inovação”, onde reuniu especialistas de diversas áreas para debater as consequências e as estratégias de adaptação necessárias para enfrentar esse cenário.
Marcelo de Paula Corrêa, professor titular da Unifei e Diretor do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá/MG -UNIFEI, apresentou os cenários futuros das mudanças climáticas e seus impactos na saúde da pele e cabelos, discutindo o uso sustentável de insumos na cadeia produtiva. Ele destacou que as mudanças climáticas estão aumentando a intensidade de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, tempestades, secas, queimadas e outros. No século XXI, a busca pelo conforto térmico se torna cada vez mais crucial, e o setor de HPPC precisa se adaptar rapidamente a essas novas realidades.
Para o especialista, a indústria precisa investir em formulações que resistam a altas temperaturas e mantenham a integridade dos produtos. Neste contexto, para se adaptar ao calor extremo e à poluição, será necessário desenvolver produtos com proteção mais eficaz e benefícios adicionais, como reparação e hidratação. Nos climas mais quentes e úmidos, a sensação de desconforto ao usar certos produtos, como cremes e loções mais densas, pode aumentar, tornando fundamental a criação de fórmulas mais leves e de rápida absorção, por exemplo.
As mudanças climáticas geram consequências significativas para a saúde da pele, por conta de fatores como o aumento das temperaturas, da maior incidência de raios UVA e UVB, da umidade do ar, do frio extremo, entre outros, incluindo, por exemplo, um aumento na incidência de câncer de pele, dermatites de contato e atópica, e envelhecimento precoce caracterizado por flacidez, rugas e manchas, aumento de infecções transmitidas por insetos e da prevalência de acne. Sérgio Luiz de Oliveira, executivo de P&D de produtos para saúde do consumidor, enfatizou que a inovação em formulações cosméticas neste contexto tem papel fundamental no enfrentamento das doenças de pele, uma vez que o aumento da temperatura ambiente também eleva a permeação cutânea de substâncias, exigindo dos produtos mais proteção contra os agressores ambientais.
Ricardo Sodré, CEO e fundador da FieldPRO, discutiu a importância da adaptação climática para melhorar a saúde pública e a qualidade de vida. Ele abordou ações práticas para promover o bem-estar das pessoas, a partir de um monitoramento climático mais preciso em todo o planeta, que permita uma melhor compreensão e resposta às variações do tempo. Ele mostrou como a adaptação climática pode ajudar a prevenir e lidar com os desafios de saúde pública que surgem em decorrência das mudanças climáticas. Por exemplo, ele explicou que a FieldPRO correlaciona variações microclimáticas com a ocorrência de doenças e epidemias, permitindo identificar padrões e prever surtos. Dessa forma, é possível implementar medidas preventivas e de resposta mais eficazes.
Cristina Garcia, Diretora de Pesquisa Avançada e Comunicação Científica da L’Oréal LATAM, compartilhou as estratégias do Grupo L’Oréal para práticas de cultivo sustentável de insumos de sua cadeia produtiva e suas metas para 2030, visando reduzir o impacto ambiental da agricultura.
A empresa pretende obter 95% dos ingredientes de fontes renováveis e adota políticas de eco-design que abrangem desde a obtenção das matérias-primas, transformação, formulação, embalagem até o uso dos produtos. Além disso, a L’Oréal investe em métodos de cultivo sustentável, como colheita selvagem, cultivo em campo e cultivo integrado, para garantir a sustentabilidade e a biodiversidade dos recursos naturais utilizados na produção. Dentro deste trabalho, segundo Cristina Garcia, está a busca pelo engajamento do consumidor em entender o impacto dos produtos que utiliza no meio ambiente, promovendo uma maior conscientização e responsabilidade ecológica em toda cadeia de consumo.
Sobre a ABIHPEC – A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) é uma entidade privada que tem como finalidade representar nacional e internacionalmente as indústrias do setor, instaladas em todo país e de todos os portes, promovendo e defendendo os seus legítimos interesses, por meio de ações e instrumentos que contribuam para o seu desenvolvimento, buscando fomentar a competitividade, a credibilidade, a ética e a evolução contínua de toda a cadeia produtiva.