ABIHPEC reúne institutos de pesquisa e empresas para discutir a sustentabilidade no setor

Seminário “O desafio da revolução verde” abordou tendências, inovações e comportamento de consumidores estimulados pelo tema

Exercendo seu papel de incentivar debates em torno do desenvolvimento sustentável, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) reuniu, na última sexta-feira (13), renomados institutos de pesquisa para o compartilhamento de informações exclusivas sobre como o tema vem impactando o setor de HPPC.

O seminário “O Desafio da Revolução Verde” contou com palestras da Amazu Biomimicry, Dow, IQVIA, Mintel, Nielsen, Peclers Paris, Perception e Segmenta. As apresentações abordaram tendências ligadas à sustentabilidade, com dados que indicam novos comportamentos de consumo, direcionamentos em pesquisa e desenvolvimento para produtos e embalagens e cenários do mercado atual.

“Eventos como esse mostram que estamos atentos à necessidade de aprimorar o debate em torno da evolução sustentável da indústria. Ele integra uma série de iniciativas realizadas por nós que auxiliam as empresas a direcionarem seus negócios de maneira alinhada com as demandas da sociedade e do planeta, como workshops, capacitações e outros eventos que realizamos ao longo do ano”, afirmou Elaine Gerchon, gerente de Inteligência de Mercado da ABIHPEC.

Programação

“Inovação inspirada pela natureza” foi o título da palestra apresentada por Giane Brocco, fundadora da Amazu Biomimicry. Na ocasião, a especialista mostrou como a biomimética – estudo das estruturas biológicas e suas funções – é capaz de gerar inovação no universo dos cosméticos. “Trata-se de imitarmos a natureza para aprimorarmos nossos produtos e processos de produção”, explicou ela ao exemplificar o desenvolvimento de embalagens biodegradáveis feitas com estruturas encontradas no tecido da asa de insetos.

Na sequência, Daniel Morimoto, diretor da Segmenta, apresentou os “Caminhos da Beleza Verde”, em uma explanação rica em dados que mostraram como os consumidores estão mais atentos aos impactos ambientais gerados na produção dos cosméticos e itens de higiene pessoal que consomem. Segundo ele, 94% das pessoas fazem pesquisas a respeito dos produtos antes da compra.

A especialista em cuidados pessoais da Mintel, Juliana Martins, conduziu a palestra “A percepção dos brasileiros e as inovações do mercado de beleza global”, em que relatou tendências e inovações em sustentabilidade, como “desperdício-zero”, “produtos ecologicamente corretos” e “embalagens recicláveis e recicladas”. Chamou a atenção do público exemplos trazidos pela palestrante, já identificados em alguns mercados no exterior, como a comercialização de itens por refil e a reutilização de embalagens.

Margareth Utimura, executiva de Comunicação e Marketing da Nielsen, falou sobre o tema “Green is the new black: sustentabilidade – do discurso à prática”, incrementada por uma série de dados que sustentam tendências como a renovação da cadeia de valor, a diversificação de produtos e a atualização dos modelos de negócios. “O triple botton line da sustentabilidade é realmente colocado em prática quando o consumidor associa a sua saúde à saúde do planeta”, ressaltou.

Já o gerente geral da Perception, Rodrigo Toni, fez a apresentação “Como está a consciência do consumidor”, rica em informações e números que apontam gaps entre discurso e prática. Uma pesquisa mencionada pelo especialista, por exemplo, mostra que 46% dos entrevistados disseram ser preocupados com o meio ambiente, mas têm condutas moderadamente sustentáveis em seu dia a dia.

No período da tarde, a programação teve início com uma mesa-redonda sobre como a bioeconomia vem redesenhando a indústria de cuidados pessoais. Conduzida pelo diretor da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), Matheus Garcez, a conversa contou com a participação da gerente de pesquisa avançada da L’Oréal, Fabiana Munhoz, Daniel Sabará, CEO da Beraca, e a responsável pelo departamento de marketing técnico da Solabiá, Cristina Lopes.

O debate abordou questões ligadas à biotecnologia que influenciam a indústria de HPPC, como a química verde, impactando famílias através da biodiversidade, e a produção de matérias-primas com mudança no ponto de vista em relação à sustentabilidade e ao processo produtivo. Iniciativas essas que contam com o apoio do Congresso, através da Frente Parlamentar.

A diretora da Peclers Paris, Iza Dezon, apresentou a palestra “A beleza na era dos nativos ecológicos”, mostrando como a nova geração – tradicionalmente conhecida como “millenial” – já tem a sustentabilidade incorporada em seu comportamento cotidiano. Na ocasião, a jornalista Vânia Goy também mostrou cases que apontam territórios de inovação no universo dos cosméticos, como a comercialização de produtos à granel e a revisão de matérias-primas, entre outras medidas.

Ainda na linha de discussões sobre como devem ser as embalagens do futuro, o especialista de Comunicação para Sustentabilidade do Negócio de Plásticos e Embalagens da Dow, Fabio Mendes, apresentou a palestra “Banir, reciclar ou ressignificar, como o consumidor enxerga o plástico nos dias de hoje”, em que abordou as responsabilidades compartilhadas em torno do uso do material.

Por fim, Julian Frenk, especialista do Instituto IQVIA, mostrou “O impacto da economia verde no canal farma”, com dados que mostram tendências demográficas e socioeconômicas, e como elas direcionam o crescimento futuro, com foco em prevenção e bem-estar, e o papel das multinacionais enxergando estratégias sustentáveis como fonte de oportunidades e adotando posicionamentos natural e eco-friendly.

 

 

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