Aliança sustentável: O alinhamento entre o Tratado Global do Plástico e a indústria de HPPC

O assunto foi tema de webinar promovido pela área de Desenvolvimento Sustentável da ABIHPEC

Representantes de todo o mundo se reuniram na última semana em torno do debate sobre a redução da poluição plástica no globo, formas e ferramentas para ampliação da reciclagem de plásticos, sua substituição por versões de fontes renováveis, assim como a circularidade das cadeias de consumo. O encontro realizado em Otawa, no Canadá, trata-se da quarta Sessão do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC), criado pela ONU em 2022. O objetivo das discussões é chegar a um Tratado Global do Plástico até o final de 2024. Os destaques das discussões no Canadá foram tema do webinar promovido na terça-feira (07), pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, que contou com a participação de Fabrício Soler, sócio da S2F Partners.

Soler foi recebido por Fábio Brasiliano, diretor de desenvolvimento sustentável da ABIHPEC, e fez um balanço positivo da participação brasileira nas discussões do Comitê Intergovernamental de Negociação no encontro no Canadá, ressaltando a sinergia das ações do setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC), com destaque para suas práticas de logística reversa e economia circular, com o anseio global pela redução da poluição plástica.

“O Brasil tem se mostrado comprometido com o Tratado Global, e defende a tomada de decisões baseada em dados concretos, ciência, transparência em uma eventual regulamentação sobre o uso dos plásticos, além da priorização da participação ativa de cooperativas de catadores”, informou Soler, que esteve presente durante os sete dias de discussões em Otawa.

Os debates também incluíram as emissões e lançamentos atmosféricos ligados a processos industriais, importância do ecodesign de produtos, a gestão de resíduos pós consumo, e definição de plásticos problemáticos evitáveis, assim como, o conceito de responsabilidade estendida de produtores e fabricantes.

Fabrício Soler ressaltou pontos polêmicos da discussão, especialmente em torno da inclusão de disposições sobre polímeros plásticos primários, produtos químicos, e conexão com processos já existentes. Outros pontos de desacordo envolveram questões de financiamento, responsabilidade estendida do produtor e, principalmente, o escopo do acordo, que deve refletir as complexidades e desafios de cada país signatário, na busca por um consenso global em relação aos problemas relacionados aos plásticos.

Para Soler, é fundamental uma transição justa, considerando as particularidades, limitações e desenvolvimento de cada país. “É preciso ter uma visão sistêmica, levando em conta a viabilidade técnica e econômica de cada país”, comentou. “Não se pode comparar a necessidade logística do Brasil, que tem uma extensão territorial de 8,6 milhões de km², com a da Suécia, por exemplo”.

No entanto, para ele, as ações do setor brasileiro de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos já são um exemplo de pioneirismo, com destaque para o programa de logística reversa Mãos Pro Futuro, que no ano passado ultrapassou 1 milhão de toneladas de resíduos sólidos pós consumo recuperados desde sua implementação, em 2006. O programa coordenado pela ABIHPEC conta com cerca de 200 organizações de catadores englobando dessa forma, mais de 6.000 catadores.

Fabrício Soler também ressaltou a visão da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) sobre a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. De acordo com o entendimento, essa responsabilidade vai além dos fabricantes e inclui importadores, comerciantes e outros agentes da cadeia produtiva. Soler enfatizou que tanto o poder público quanto a iniciativa privada têm papéis importantes a desempenhar nesse processo: o primeiro promovendo ações de educação ambiental junto à população, e o segundo informando-a sobre o status da jornada para a redução da poluição plástica.

Fábio Brasiliano, diretor de Desenvolvimento Sustentável da ABIHPEC, que mediou o webinar desta terça-feira, informou que a entidade também segue atuando por meio de grupos de trabalho sobre mudanças climáticas, biodiversidade e economia circular, reforçando o compromisso com práticas sustentáveis e responsáveis e se antecipando às tendências globais.

Sobre a ABIHPEC – A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) é uma entidade privada que tem como finalidade representar nacional e internacionalmente as indústrias do setor, instaladas em todo país e de todos os portes, promovendo e defendendo os seus legítimos interesses, por meio de ações e instrumentos que contribuam para o seu desenvolvimento, buscando fomentar a competitividade, a credibilidade, a ética e a evolução contínua de toda a cadeia produtiva.

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