Indústria de HPPC aposta na Inteligência Artificial para impulsionar sustentabilidade e inovação

Indústria de HPPC aposta na Inteligência Artificial para impulsionar sustentabilidade e inovação

Especialistas discutiram os impactos, os caminhos e os desafios da aplicação da tecnologia no setor, em workshop da ABIHPEC, realizado na in-cosmetics Latam

A Inteligência Artificial (IA) vem sendo cada vez mais falada nos círculos de inovação, com promessas de revolucionar a forma como vivemos, trabalhamos e, no caso da indústria Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, como cuidamos do nosso bem-estar e beleza. Dentro desse debate crescente, o setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) tem se reunido para entender como essa tecnologia pode transformar suas práticas produtivas, ao mesmo tempo em que responde às urgências das mudanças climáticas e à demanda por sustentabilidade.

Um dos debates foi promovido nesta quarta-feira (25), no Workshop INOVAÇÃO ABIHPEC, organizado pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. A primeira parte do evento, que acontece nos dias 25 e 26 de setembro, ocorreu durante a In-cosmetics Latin America, o maior evento de ingredientes do continente sul-americano.

Sérgio Gonçalves,diretor da K4R Consulting e membro do Conselho Científico-Tecnológico da ABIHPEC, ressaltou a relevância da IA para o setor de HPPC, que gera, hoje, 6,3 milhões de empregos no Brasil. Ele destacou que, embora a inovação seja parte do DNA do setor, a complexidade das tendências globais tornou o cenário ainda mais desafiador. “Estamos sentindo os efeitos das mudanças climáticas no dia a dia. A pergunta agora é: qual será a próxima tendência? Estou há 30 anos no setor e nunca o vi tão complexo”, comentou.

“A Inteligência Artificial é uma ferramenta poderosa, mas para gerar impactos positivos na sustentabilidade, como na redução da pegada de carbono ou no desenvolvimento de novas embalagens recicláveis, ela precisa ser treinada e alimentada com dados bem estruturados. Não basta ter um grande volume de informações, é necessário curar e transformar esses dados para que gerem valor real”, reforçou Gonçalves.

Antonio Carlos de Oliveira Machado, especialista em Biotecnologia da Natura Cosméticos, disse que a integração entre Inteligência Artificial (IA) e biotecnologia está revolucionando os processos industriais. Ele explicou que a IA não apenas facilita o desenvolvimento de novos produtos, mas também otimiza todas as etapas produtivas, desde o uso de sistemas biológicos até a fermentação e purificação de ingredientes. Estudos indicam que os investimentos em IA na indústria podem crescer 21,5% até 2030, impulsionados por investimentos privados e políticas governamentais que incentivam o uso dessas tecnologias.

Para ele, a sustentabilidade na biotecnologia está cada vez mais conectada a processos regenerativos, que visam restaurar e melhorar os recursos naturais, em vez de apenas minimizar os impactos ambientais. Entre as principais aplicações da IA, Antonio mencionou o descobrimento de novas moléculas, o aprimoramento de ingredientes e a produção de insumos biodegradáveis. No entanto, ele alertou que o uso da IA traz desafios significativos, como a interpretabilidade dos dados, preocupações éticas e barreiras regulatórias, que precisam ser enfrentadas com transparência e foco na biossegurança.

Inteligência Artificial na prática

Antonio Vinicius Bim, especialista em Inovação Regional da BASF, destacou durante o workshop o papel da Inteligência Artificial (IA) na produção de protetores solares. Ele explicou que a tecnologia está revolucionando o estudo da biodegradabilidade dos produtos e viabilizando a criação de novos materiais biodegradáveis. Segundo Bim, a IA facilita a síntese de novas moléculas e potencializa o know-how de dados existentes. “Ferramentas como machine learning estão sendo fundamentais para analisar grandes volumes de dados e otimizar a produção de novos compostos”, afirmou.

Denise Ferreira, Gerente Nacional do CAS Brasil e membro do Conselho Científico-Tecnológico da ABIHPEC, abordou os avanços e desafios da IA na biotecnologia e no setor farmacêutico. Ela destacou que a tecnologia possibilita uma redução de custos e tempo de desenvolvimento de medicamentos em até 50%. No entanto, ela apontou que o progresso ainda é lento, com menos de 8% dos projetos de transformação digital atingindo os resultados esperados.

A L’Oréal já atua dentro de um plano estratégico estruturado de IA que apoia nas metas de sustentabilidade da companhia. Cristina Garcia, diretora de Pesquisa Avançada e Comunicação Científica da empresa, contou que a tecnologia está otimizando o ciclo de vida dos produtos, desde a extração de ingredientes até o descarte, com especial atenção para o ecodesign de embalagens sustentáveis. Dentro do processo, a executiva reforça a necessidade de uma comunicação transparente com os consumidores sobre o impacto ambiental dos produtos.

“Existem desafios éticos e regulatórios que cercam o uso de IA na indústria. É preciso garantir que a adoção dessa tecnologia seja justa, transparente e sustentável, com foco na redução do impacto ambiental e no uso responsável dos recursos naturais”, ressaltou.

Sobre a ABIHPEC – A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) é uma entidade privada que tem como finalidade representar nacional e internacionalmente as indústrias do setor, instaladas em todo país e de todos os portes, promovendo e defendendo os seus legítimos interesses, por meio de ações e instrumentos que contribuam para o seu desenvolvimento, buscando fomentar a competitividade, a credibilidade, a ética e a evolução contínua de toda a cadeia produtiva.

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