Longevidade e inovação desafiam padrões estéticos e reconduzem o futuro do mercado de beleza e cuidados pessoais

Longevidade e inovação desafiam padrões estéticos e reconduzem o futuro do mercado de beleza e cuidados pessoais

O Papo de Mercado ABIHPEC trouxe, nesta segunda-feira (30), análises do Instituto Mintel e da consultoria Peclers Paris

O setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) está passando por uma transformação significativa, com a tradicional abordagem anti-idade sendo ressignificada e dando espaço para uma abordagem mais inclusiva e focada na longevidade. Esta nova forma de tratar o assunto tem como objetivo promover saúde e bem-estar a longo prazo, indo além de apenas combater os sinais de envelhecimento. O tema foi um dos destaques do quinto e último dia do Papo de Mercado ABIHPEC 2024.

“As marcas estão reconhecendo que longevidade é mais que eliminar rugas – trata-se de uma abordagem holística que incorpora beleza, alimentação e cuidados com a saúde”, destacou Amanda Caridad, Senior Analyst Beauty & Personal Care Reports Latam da Mintel, durante o webinar. Essa mudança reflete as expectativas crescentes dos consumidores, que buscam viver com qualidade por mais tempo.

De acordo com as projeções da Mintel, o mercado deve observar um aumento do uso de alegações sobre longevidade em produtos até 2050, com inovações cada vez mais personalizadas. Marcas já buscam estar à frente dessa tendência com produtos que focam em áreas mais tradicionalmente suscetíveis ao envelhecimento, como pescoço e mãos. “Há uma oportunidade clara para inovações preventivas, que utilizem inteligência artificial para evitar o surgimento dos primeiros sinais de envelhecimento”, acrescentou. O mercado tem se expandido para soluções preventivas, e o uso de IA tem ajudado a personalizar ainda mais essas opções.

De acordo com a Mintel, cada geração traz uma perspectiva diferente sobre o conceito de longevidade. Enquanto os Baby Boomers celebram o envelhecimento e o veem como uma conquista que traz mais empoderamento, e a Geração X acredita que deve abraçar as mudanças causadas pelo envelhecimento, os Millennials estão mais preocupados em evitar os primeiros sinais de envelhecimento, com práticas preventivas e uma visão holística da beleza, compreendendo, por exemplo, os efeitos de uma alimentação balanceada e um estilo de vida mais equilibrado para a saúde da pele.

Já a Geração Z, pode ser considerada a mais engajada com temas que envolvem beleza e cuidados pessoais, mas se depara com uma maior pressão social para manter uma aparência jovem. A Geração Alpha, por sua vez, ainda não dá tanta importância ao tema da longevidade. De acordo com Amanda Caridad, para se aproximar deste público consumidor emergente, as marcas não devem vender a rotina de cuidados pessoais como uma obrigação, mas como um processo natural que pode ser leve e descontraído, disseminando o conceito da beleza voltada para a saúde da pele, e garantindo produtos adequados às necessidades das peles mais jovens.

Além da ciência por trás da longevidade, o combate ao preconceito etário também se tornou um fator crucial. Iniciativas que promovem o movimento “pró-idade” estão redefinindo a abordagem sobre beleza para idades mais avançadas, com a propagação de uma visão mais otimista sobre o processo de envelhecimento, abraçando-o como um convite para cuidar da pele de maneira saudável, empoderada e consciente.

Instinto Excêntrico: macrotendência que desafia as normas da beleza

Durante o Papo de Mercado ABIHPEC, Gaia Prado, Business Development Americas da Peclers Paris, apresentou a macrotendência “Instinto Excêntrico”, que propõe uma estética alternativa e a quebra de convenções no mercado de beleza. Segundo ela, a busca pela singularidade está moldando o futuro da beleza e dos cuidados pessoais, impulsionada por influências como o “Glamour Inquietante”, que fala sobre incongruência dentro da elegância, e o “Hack Trivial”, que explora estéticas subversivas que transformam o banal em algo criativo e inesperado. “A inteligência artificial permite que marcas explorem estéticas alternativas e disruptivas e assim desafiem o que é convencionalmente aceito como belo”, explicou.

Essa tendência pautada na excentricidade, aponta para inovações que rompem com as normas tradicionais, como produtos de cuidados pessoais desenvolvidos com texturas incomuns, oferecendo novas sensações táteis. As cores sintéticas perturbadoras também estão ganhando espaço em produtos como lip balms brilhantes e sabonetes translúcidos, desafiando as expectativas visuais do consumidor.

No campo da maquiagem, bases que criam um brilho “surreal” e exploram as possibilidades estéticas proporcionadas pela inteligência artificial estão ganhando força. Além disso, fragrâncias estão sendo desenvolvidas para provocar um espectro mais complexo de emoções, buscando surpreender o consumidor com sensações inovadoras e únicas.

O evento foi encerrado com a realização de um painel mediado por Elaine Gerchon, diretora de Inteligência de Mercado da ABIHPEC, onde Amanda Caridad, da Mintel, destacou o crescente interesse de marcas e consumidores por produtos baseados em ciência, refletindo a demanda por inovação e personalização. Segundo Amanda, a diversidade entre as gerações traz tanto desafios quanto oportunidades para a indústria, sendo essencial atender às expectativas de cada público, sem perder a representatividade. Gaia Prado, por sua vez, sugeriu alternativas ao termo “anti-idade”, propondo uma abordagem “pró-idade” ou até “anti-sinais”, onde o envelhecimento é visto como um processo natural, que não pode ser retardado ou adiado, e a pele madura é valorizada como algo belo e desejável, incentivando a aceitação das transformações naturais ao longo da vida.

Ambos os conceitos, longevidade e Instinto Excêntrico, apontam para uma evolução no mercado de HPPC, conectados pela busca por autenticidade e inovação. Enquanto a longevidade valoriza o bem-estar contínuo e rejeita o culto ao anti-envelhecimento em prol de uma abordagem positiva, o “Instinto Excêntrico” desafia as normas tradicionais de estética, favorecendo a singularidade e aceitação das individualidades. O uso de tecnologias como a IA, tanto para personalizar cuidados quanto para criar estéticas alternativas, reforça a convergência entre ciência, inovação e autenticidade, oferecendo às marcas novas formas de engajar diferentes públicos.

Sobre a ABIHPEC – A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) é uma entidade privada que tem como finalidade representar nacional e internacionalmente as indústrias do setor, instaladas em todo país e de todos os portes, promovendo e defendendo os seus legítimos interesses, por meio de ações e instrumentos que contribuam para o seu desenvolvimento, buscando fomentar a competitividade, a credibilidade, a ética e a evolução contínua de toda a cadeia produtiva.

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