GIULIANA VALLONE
DE SÃO PAULO
A aprovação no Senado do projeto de lei que reduz a desoneração da folha de pagamento gerou insatisfação entre os empresários afetados pela medida.
“É uma barbaridade o nosso setor estar sendo castigado dessa forma”, afirmou José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado).
Hoje, as empresas do setor pagam uma alíquota de 2% sobre o faturamento. Com a nova lei, essa taxação sobe para 4,5%.
“A construção civil já tinha uma das maiores alíquotas e ainda sofremos um aumento de 125%”, afirmou Ferraz Neto.
“As empresas já têm sido bastante prejudicadas pela crise. Agora, a situação vai ficar ainda mais pavorosa.” O setor prevê corte de 475 mil vagas de emprego neste ano.
Entre as empresas de vestuário, a nova taxação deve elevar o número de demissões no setor, que sofre com custos maiores e vendas em queda, afirmou o presidente do Sindivestuário, Ronald Masijah.
“A previsão era de demissão de 60 mil pessoas em um ano, isso com 1% de alíquota. Com 1,5%, a expectativa é que esse número aumente em progressão geométrica.”
“Nós não queríamos reoneração nenhuma. Em um cenário de aumento de custos de toda ordem —energia, combustível, juros e salários mais altos—, é um momento absolutamente inadequado”, disse Fernando Pimentel, da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção).
Parte dos 56 setores antes beneficiados pela desoneração tentava negociar com o governo uma proposta de aumento de 50% na alíquota de todas as empresas.
Masijah esteve em Brasília na quarta (19) para defender a proposta em reunião com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
“Mas se o Senado votasse a favor dessa sugestão, o projeto teria de ser votado de novo na Câmara, e o governo fez pressão para agilizar o processo [de aprovação]”, afirmou.
O setor de confecções foi um dos beneficiados por um aumento menor da alíquota, de 1% para 1,5%. Ele disse, no entanto, não ter confiança de que a lei será sancionada pela presidente Dilma Rousseff como está.
“Agora estamos sujeitos ao bom humor da presidente, para saber se ela vai aceitar o 1,5%, mas ela está sinalizando que não vai”, disse.
Pimentel, da Abit, foi mais otimista sobre a sanção de Dilma ao projeto de lei: “Temos plena confiança de que a presidente vai aprovar. Se o Congresso aprovou, não tem por que ela rejeitar.”
Fonte: Folha