Recomendações da OMS
Além de não deixar água parada acumulada, a OMS recomenda usar roupas que cubram a maior parte do corpo (de preferência em cores claras), se proteger com telas nas janelas, manter portas fechadas, dormir sob a proteção de mosquiteiros e aplicar repelente de insetos sobre a pele.
Repelente salva-vidas
Segundo o professor Zanotto, o Aedes aegypti é um inseto antropofílico, isto é, precisa de sangue para se reproduzir. O mosquito consegue identificar odores por meio das antenas e sente-se especialmente atraído pelo nosso suor, além de outros cheiros corporais. Os repelentes atuam nesse mecanismo e desorientam os insetos, que acabam não encontrando a gente.
O ingrediente ativo certo
Não é qualquer repelente que serve na hora de se proteger do transmissor da dengue, zika e chikungunya. A orientação da OMS e também da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é que o produto contenha alguns dos seguintes ingredientes ativos: DEET (DiethylToluamide), IR3535 ou icaridina. Sônia Corazza esclarece que esses componentes possuem eficácia comprovada em testes complexos e apresentam maior segurança toxicológica.
Cuidado com repelentes caseiros
Vale lembrar que os repelentes caseiros não são recomendados para substituir os que são produzidos pela indústria, que possuem registro na Anvisa e têm sua eficácia testada. “Receitas preparadas em casa podem deixar as pessoas expostas aos perigos da picada do Aedes aegypti”, diz a médica dermatologista Carla Vidal. Atualmente, no Brasil, há mais de 120 produtos registrados, o que revela que o mercado nacional está preparado para ajudar no combate dessas doenças graves.
Gel, creme ou spray?
Os três tipos são eficientes, portanto, depende basicamente do gosto de cada pessoa. Quem tem pele oleosa geralmente prefere repelente em gel; o creme é op- ção mais usada em crianças e também em quem tem pele seca; sprays, incluindo aerossol, são mais práticos e podem ser passados inclusive sobre a roupa. Eles também costumam ser os preferidos por homens muito peludos.
O horário e a frequência de aplicação
O repelente tópico deve ser usado por toda área de pele exposta e reaplicado de acordo com o tempo indicado na embalagem do produto – normalmente, a cada duas horas. Manter-se protegido constantemente é necessário, de acordo com o professor Zanotto, da USP: “Apesar do horário de maior atividade do Aedes aegypti ser durante a manhã e ao entardecer, por volta das 18h, os mosquitos picam também fora desses horários, inclusive à noite”. Outra recomendação é não passar o produto na palma das mãos, especialmente nos menores, que costumam colocá-las na boca.
O uso por gestantes, bebês e crianças
A Anvisa não vê restrições no uso de repelentes por gestantes. No entanto, recomenda-se durante a gravidez e a amamentação, consultar um médico sobre a utilização do produto. A Federação Brasileira das Associa- ções de Ginecologia e Obstetrícia(Febrasgo) orientaque o repelente sejaaplicado em toda área exposta da pele e sobre os demais cremes habitualmente utilizados pela grávida. Para crianças com até dois anos, por terem maior absorção pela pele e pela respiração, o uso deve ser controlado e sob orientaçãomé- dica. “O DEET não deve ser usado nessafaixa etária. O ideal é usar os produtos que contenham icaridina e, em vez de aplicar na pele, passar o produto somente na roupa, antes de vestir”, ensina a dermatologista CarlaVidal.Os pequenos entre 2 e 12 anos podemfazer uso do DEET, desde que a substância esteja em concentração de até 10%, e não sejam ultrapassadas três aplicações diárias.Outrasmedidas recomendadas no caso das crianças é o uso demosquiteiros e telas nas janelas, além de roupas cobrindo todo o corpo e de tonalidade clara, pois os mosquitos são fotossensíveis e preferem cores escuras.
Quem está doente também deve usar
O virologista e professor da USP faz um aviso importante: “Quem está com dengue, zika ou chikungunya também deve usar repelente na pele para evitar novas transmissões”. Segundo Zanotto, o mosquito que pica um doente acaba levando o vírus para outras pessoas, inclusive na mesma casa. “É uma responsabilidade de quem foi infectado”, diz.