PEDRO SOARES
MARIANA CARNEIRO
O mercado de trabalho viveu, em 2013, um período de deterioração, com baixo crescimento dos postos de trabalho e desemprego em alta, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgados na manhã desta quinta-feira (18).
A taxa de desemprego subiu de 6,1% em 2012 (menor marca da série iniciada em 2001) para 6,5%. Trata-se da primeira alta desde 2009, auge da crise global.
O número de pessoas empregadas cresceu, por sua vez, apenas 0,6% frente 2012. Foi também o pior desempenho desde a crise de 2008/2009.
O emprego na indústria, setor mais afetado pela crise e pela competição com importados e mais recentemente com a freada do consumo, é o destaque negativo, com queda de 3,5% no número de trabalhadores.
A população ocupada totalizou 95,9 milhões de pessoas em 2013. Desses, 54,9 milhões de pessoas eram homens e 41 milhões, mulheres.
Pelos dados do IBGE, o contingente de pessoas desempregadas aumentou 7,2% (ou 450 mil pessoas) entre 2012 e 2013. Com mais gente à procura por trabalho e uma fraca geração de vagas, a taxa de desemprego subiu em 2013, segundo Maria Lúcia Viera, gerente da Pnad.
No ano passado, havia 6,7 milhões de pessoas que não estavam ocupadas e tomaram providência efetiva para conseguir um trabalho, ou seja, foram classificadas como desocupadas.
Para Gabriel Ulyssea, economista do Ipea, era “esperado em algum momento” o aumento do desemprego por causa do fraco crescimento econômico. Os dados da Pnad, diz, “anteciparam” essa tendência de piora e de elevação da taxa de desemprego.
Pelos dados mensais (restritos às seis maiores metrópoles) e trimestrais (nacionais), já se notava uma desaceleração do mercado de trabalho e uma fraca geração de vagas. A taxa de desemprego, porém, não aumentava. “A Pnad já mostra essa tendência com clareza.”
Fernando Holanda, da FGV, diz que os dados não representam “uma hecatombe”, mas indicam uma “piora gradativa do mercado de trabalho”. Segundo ele, os números são “de um certo modo surpreendentes”, pois nem as informações mensais nem as trimestrais do IBGE mostravam um aumento da taxa de desemprego tanto em 2013 como em 2014, embora já apontassem uma desaceleração do emprego e da renda.
EMPREGO FORMAL
Pelos dados da Pnad, a trajetória de formalização da força de trabalho se manteve, apesar da piora de outros indicadores. Em 2013, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado cresceu 3,6% em relação a 2012. Eram 36,8 milhões de pessoas, o que corresponde a 76,1% dos empregados dos setor privado.
Segundo o IBGE, 55,3% dos empregados tinham carteira de trabalho assinada em 2001. O percentual subiu para 65,2% em 2013, o que mostra o avanço da formalização do mercado de trabalho do país que se acentuou na década passada.
TRABALHO INFANTIL
Em 2013, ainda restavam 3,1 milhões de crianças e adolescentes 5 a 17 anos que trabalhavam em todo o país. Esse número representou uma redução de 12,3% (ou 438 mil pessoas) em relação a 2012, repetindo a tendência de recuo do trabalho infantojuvenil no país.
Fonte: Folha