Tissue: um segmento essencial que tomou fôlego em 2022

Por Elaine Gerchon, diretora de Inteligência de Mercado da Abihpec

Em 2022, o segmento de tissue mostrou recuperação em valor de vendas (ex-factory) e encontrou uma janela para o reposicionamento das margens perdidas ao longo de 2020 e 2021, o que refletiu no crescimento de 10,2%, segundo o Painel Dados de Mercado da Associação Brasileiro da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). Os números podem dar uma falsa percepção positiva, pois o resultado está relacionado ao reposicionamento de preços que a indústria precisou implementar de forma gradual, depois de dois anos de pandemia, quando todos os esforços foram feitos para evitar o repasse de custos diante de um cenário de dificuldades.

É importante sinalizar que, mesmo com o repasse de preços ao varejo, a taxa de crescimento do preço médio por unidade se manteve um pouco menor do que em 2021. A inflação dos custos de celulose e resina plástica contribuiu no aumento dos preços no varejo para o consumidor final, juntamente com outros fatores, como os altos preços da energia e a valorização do dólar americano em relação ao real.

A pressão inflacionária teve um impacto negativo no poder de compra dos consumidores brasileiros, especialmente das famílias de baixa e média renda, obrigando-os a priorizar certos produtos. Do ponto de vista econômico, os programas governamentais de distribuição de renda, assim como o arrefecimento do desemprego, sem dúvida tiveram papel relevante, mas não foram suficientes para segurar as perdas no setor. O cenário econômico impactou o bolso dos consumidores, que começaram a migrar entre marcas, além de aumentar o número de visitas aos PDVs buscando promoções e descontos, também multipacks ou embalagens econômicas que oferecem preços mais competitivos por unidade.

Essa mudança de comportamento do consumidor trouxe dois movimentos de consumo para o segmento de tissue:

  1. Houve uma mudança na demanda. Com a renda mais limitada, o consumidor buscou por descontos, promoções e o melhor custo-benefício, e muitas vezes optou por um trade up nas categorias, principalmente em papel higiênico regular, escolhendo por produtos de maior qualidade, pagando um valor equivalente por um produto de maior valor agregado mesmo sendo um pack menor;
  2. Outras vezes, o consumidor optou pelo trade down em algumas categorias de produtos e buscou o custo-benefício mais atrativo, migrando de marcas.

O consumo per capita de papel tissue no Brasil ainda é baixo, de 8,7 kg por habitante em 2022, comparado com outros países da América Latina, como a Costa Rica, onde o consumo é de 39,8 kg por habitante e o Chile, de 34,7 kg por habitante, de acordo com a Euromonitor Internacional. A diferença no consumo não está apenas no volume per capita, mas também no fato do costa-riquenho e do chileno comprarem produtos de maior valor agregado. Esse movimento de migração para produtos de melhor qualidade vem acontecendo no Brasil, e ainda há espaço para acelerar. As empresas que atuam no segmento estão se estruturando do ponto de vista de produção, logística, portfólio e no atendimento ao consumidor, trabalhando de forma diferenciada no ponto de venda com novas embalagens e promoções.

As expectativas para 2023 são positivas, uma vez que é um mercado em constante expansão, com as mudanças contínuas nos padrões de exigência dos brasileiros, que têm colaborado para a migração do consumo para produtos de maior qualidade. Também são esperados investimentos em tecnologia e inovação, trazendo para o mercado novidades.

Fonte: Tissue Online

Comments

Open chat
Como posso te ajudar?