Números mostram desaceleração econômica decorrente do crédito mais restrito e da queda do consumo das famílias
Vendas fracas do varejo derrubam previsão do PIB
SÃO PAULO – O fraco resultado das vendas do varejo em junho reforçou a percepção de um Produto Interno Bruto (PIB) ainda mais negativo no segundo trimestre, em relação ao imediatamente anterior.
A avaliação foi feita pela economista do Banco Indusval & Partners (BI&P), Natalia Cotarelli, em entrevista ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado. Ela conta que antes da divulgação dos dados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimava recuo de 0,1% do PIB do segundo trimestre, mas que possivelmente irá alterar o número para uma queda mais intensa. “Tem um viés de baixa na projeção”, reforçou.
Marina Oliveira, economista da consultoria Tendências, diz que ainda está analisando os dados para avaliar se irá alterar as projeções para o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), cuja divulgação está prevista para sexta-feira. A analista afirma que o resultado foi uma “surpresa bastante negativa” para a consultoria, que esperava crescimento de 0,3% na margem em junho na comparação com maio e alta de 2,9% ante junho do ano passado para o varejo – 2,1 pontos percentuais inferior ao divulgado pelo IBGE. Mariana destaca que praticamente todos os segmentos tiveram queda, com exceção das vendas de supermercados, que acredita terem sido favorecidas pelo efeito Copa do Mundo.
De acordo com Natália, do banco BI&P, o crescimento das vendas nos supermercados, de 0,6% em junho ante maio, empurrou para baixo o resultado das vendas do varejo restrito (que exclui setores de veículos e materiais de construção). “Havia indicativo de alta maior, pelos dados da Abras (Associação Brasileira de Supermercados)”, disse. Segundo ela, as vendas de alimentos em supermercados podem não ter tido um comportamento mais expressivo como o esperado.
Além dos efeitos negativos da Copa do Mundo sobre as vendas do varejo, Natalia ressaltou o desaquecimento da atividade como fator de influência. “É mais do mesmo. É resultado da desaceleração econômica e do crédito mais restrito, que estão tendo impacto sobre o consumo das famílias”, afirmou.
O banco BI&P previa estabilidade para as vendas do varejo restrito em junho na comparação com maio e elevação de 3,80% ante junho de 2013. Já para o ampliado, a expectativa era de recuo de 0,60%, na margem, e aumento de 0,50% na comparação com o sexto mês do ano passado.
O IBGE informou retração de 0,7% para o varejo restrito em relação a maio e crescimento de 0,8% na comparação interanual. Para o varejo ampliado (que inclui veículos e materiais de construção), o IBGE informou que houve queda de 3,6% em junho ante maio e baixa de 6,1% na comparação com junho de 2013.
Fonte: Estadão