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DE SÃO PAULO
A agência de classificação de risco Fitch rebaixou nesta quinta-feira (15) a nota de crédito do Brasil e colocou o rating sob perspectiva negativa. Apesar do corte, o país manteve o grau de investimento —espécie de selo de bom pagador.
A nota foi cortada de “BBB” para “BBB-“. Agora, o Brasil está no último degrau antes do nível especulativo. A perspectiva negativa significa que a nota do país pode sofrer novo corte quando a agência revisar sua avaliação sobre o Brasil.
Em nota, a Fitch afirma que o rebaixamento reflete o maior endividamento do governo, além do aumento dos desafios para a consolidação fiscal e a piora da perspectiva de crescimento econômico.
“O ambiente político difícil está prejudicando o progresso da agenda legislativa do governo e criando um ciclo negativo de resposta para a economia geral”, afirma o comunicado.
De acordo com a Fitch, a perspectiva negativa reflete a visão da agência de que os desempenhos econômico e fiscal ruins devem persistir enquanto a incerteza política continuar a pesar sobre a confiança geral, atrasando uma retomada do investimento e do crescimento e o risco maior para a consolidação fiscal de médio prazo necessária para a estabilização da dívida.
A notícia fez o dólar intensificar sua alta em relação ao real. O dólar à vista, referência no mercado financeiro e que operava em queda antes do anúncio, inverteu a tendência e passou a subir. Às 11h41, a moeda tinha alta de 0,73%, para R$ 3,869. O dólar comercial, usado em transações de comércio exterior, avançava 1,67%, para R$ 3,877.
AVALIAÇÃO DE RISCO
Escala de notas de crédito globais das agências de classificação
Clique na caixa preta para entender os critérios
COMO A S&P ATRIBUI NOTAS DE CRÉDITO
AAA: rating mais alto atribuído pela S&P. Devedor tem capacidade extremamente forte para honrar seus compromissos financeiros
AA: capacidade muito forte para honrar compromissos
A: capacidade forte para honrar seus compromissos, mas é mais suscetível a efeitos adversos de mudanças na economia
BBB: capacidade adequada para honrar compromissos, mas condições econômicas adversas podem levar a um enfraquecimento na capacidade de pagamento
BB: primeiro grau de rating especulativo. Devedor é menos vulnerável no curto prazo do que os devedores com ratings mais baixos. No entanto, enfrenta grandes incertezas no momento e exposição a condições adversas poderiam levá-lo a uma capacidade inadequada para honrar compromissos
B: atualmente tem capacidade para honrar seus compromissos financeiros, mas condições adversas de negócios, financeiras ou econômicas provavelmente prejudicariam a capacidade e a disposição de pagamento
CCC: atualmente vulnerável e dependente de condições favoráveis para honrar seus compromissos financeiros
CC: devedor está atualmente altamente vulnerável. A avaliação CC é utilizada quando o default ainda não ocorreu, porém a S&P espera que seja praticamente certo
R: devedor avaliado como R está sob supervisão regulatória em decorrência de sua condição financeira
SD e D: devedor avaliado como SD (default seletivo) ou D está em default em uma ou mais de suas obrigações financeiras, incluindo obrigações financeiras avaliadas ou não. O rating ‘D’ também será usado quando a Standard & Poor’s acredita que o default será geral e que o devedor não conseguirá pagar todas, ou quase todas, as suas obrigações no vencimento
Os ratings de AA a CCC podem ser modificados pela adição de um sinal de mais (+) ou de menos (-) para mostrar a posição relativa dentro das principais categorias de rating
A Fitch diz que o impacto maior que o esperado da recessão econômica sobre as receitas do governo, a dificuldade em implementar medidas para compensar essa questão e um cenário político complicado minaram a estratégia de consolidação fiscal do governo.
Consequentemente, prossegue a agência, em julho o governo reduziu sua meta de superavit fiscal para 2015 e para o próximo ano.
“Em outro revés para a credibilidade fiscal, o governo submeteu um Orçamento para 2016 com uma meta fiscal ainda mais fraca”, afirma a Fitch. A agência diz que embora o governo esteja trabalhando em algumas propostas de cortes de gastos e aumento de impostos para retomar o caminho fiscal traçado pelas projeções de julho, incertezas consideráveis sobre a implementação permanecem, principalmente no contexto da atual paralisia política.
Fonte: Folha
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