Anos 80: maquiagem forte e bronzeado com proteção

A indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos acompanhou as transformações do mundo nas últimas cinco décadas. Na década de 1980, no Brasil, o movimento Diretas Já fortaleceu a luta contra a ditadura militar, que se encerrou oficialmente em 1985. Três anos depois, entrou em vigor a oitava Constituição Brasileira, com mais garantias de liberdade e direitos sociais. Foi um período de efervescência cultural com o fim da censura, incluindo profusão de bandas de rock nacionais. No finalzinho da década, o mundo assiste à queda do muro de Berlim e à reunificação da Alemanha.

Mudança nos costumes

Ícones como Madonna e Michael Jackson são as grandes inspirações da cultura pop da época. A década de 80 foi dos exageros. Na maquiagem, a boca ganhou tons vermelhos e rosas; os olhos, sombras fortes; e os cílios, máscaras verdes e azuis. O movimento feminista se fortaleceu e ajudou mulheres a conquistarem posições de trabalho antes restritas aos homens. Surgiu uma geração de jovens ambiciosos, trabalhadores e que ansiavam enriquecer –  os “yuppies”, que no vestuário se distinguiam por seus ternos impecáveis com ombreiras.

Lançamentos importantes

Fios nutridos – Nos cabelos, o permanente virou febre para cachear e dar volume. Por conta da química, havia o risco de os fios arrebentarem, impossibilitando atingir grandes comprimentos. Os cortes repicados da época ajudavam a disfarçar os danos. No Brasil a marca Skala lançou o banho de creme de coquetel de frutas, que ficou bastante popular. Os penteados também sofreram mudanças, com o uso do gel para deixar o cabelo com aparência de molhado e da mousse para dar volume.

Perfumes nacionais fortalecidos – A economia nacional não ia bem. Por causa da dívida externa gigantesca, o Brasil sofria com a instabilidade econômica. Poucos tinham acesso a produtos importados, em vista da moeda desvalorizada. Assim, marcas como Água de Cheiro, L’acqua di Fiori e O Boticário trouxeram uma evolução na distribuição e venda de perfumes, adotando sistemas de franquias que democratizaram o acesso à perfumaria que ainda estava restrita ou ao varejo de empresas como Mesbla, Mappin e Sears, ou às vendas diretas. Um perfume que fez sucesso na década de 80, ainda lembrado, é o Thaty, do O Boticário.

Bronzeado com proteção – Na década de 80, a pele morena era desejo de beleza. Isso fez com que as indústrias desenvolvessem bases coloridas, simulando o efeito do sol sobre a pele. Por aqui, a marca de bronzeadores e protetores solares Coppertone já estava presente no mercado desde a década de 60. No entanto, foi em 1984 que surgiu Sundown, da Johnson & Johnson, com a proposta de manter a pele dos brasileiros, constantemente exposta ao sol, protegida.

Cacia Rusenhack, professora da Universidade Estácio de Sá e especialista em estética e dermatofuncional, destaca: “Os anos 80 foram marcados por uma sofisticação na cosmética, que passou a se preocupar mais com a saúde da pele”. No início, os fatores de proteção solar (FPS) eram baixos: 4, 8 e 15. Só em 89 é que foram lançados filtros 20, 25 e 30. A médica dermatologista Dra. Ligia Kogos contextualiza: “Os danos solares já haviam sido descritos na passagem do século XX. No entanto, até a década de 70 a proteção não era tão valorizada e a população ainda preferia os prazeres do sol e do bronzeado. Já nos anos 80, as vantagens de proteger a saúde da pele eram anunciadas e a disponibilidade de produtos, maior. Apesar de não haver filtros com FPS altíssimo, protetores muito eficientes com FPS 15 e 30 eram vistos em praias e piscinas ao longo da década”.

Berço dos anti-idade – Os anos 80 foram o apogeu das vitaminas e da descoberta de que tudo acontece na camada basal para renovar a superfície da pele. Nasciam, então, os produtos anti-idade. A professora cita o início da produção de cremes para retardar o envelhecimento da pele com o uso de uma substância chamada ácido glicólico. Sua incorporação pela indústria de cosméticos permite estimular a síntese de colágeno na pele. O efeito torna a superfície cutânea mais fina e sedosa. Outra descoberta relevante foi o ácido retinóico. “Embora já tivesse sido descrito, em trabalhos científicos, como útil para acne e poros dilatados desde os anos 40, foi em 1983 que ele se tornou uma grande promessa contra o envelhecimento. O ácido retinóico foi a primeira substância comprovadamente capaz de reverter o fotoenvelhecimento”, diz a dermatologista.

Fonte: Estadão 

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