Argentina: Alta de imposto deve frear exportação de soja


Setor mais pujante do comércio exterior argentino, as exportações de biodiesel devem cair com força neste ano, depois de um pacote anunciado na sexta-feira pelo vice-ministro da Economia, Axel Kicillof. O imposto sobre as exportações, ou retenção, subiu de 20% para 32% sobre o valor exportado. O conjunto de medidas também afeta a rentabilidade no mercado interno. A remuneração paga ao produtor pelas fabricantes de derivados de petróleo caiu de 5.195 a 4.405 pesos, cerca de US$ 955.Para atenuar as más notícias para a indústria esmagadora, o governo autorizou a importação de grãos de soja da Bolívia e do Paraguai. Embora a Argentina seja o terceiro maior complexo sojicultor do mundo, a ausência de parques industriais boliviano e paraguaio permite uma operação triangular, em que o grão importado será esmagado na Argentina e exportado como óleo em seguida.A Argentina deve produzir neste ano cerca de 3 milhões de toneladas de biodiesel, calcula o governo. Em 2011, foram exportadas 1,7 milhão de toneladas por US$ 2,1 bilhões. O restante é consumido internamente com a mistura de 7% de biodiesel nos combustíveis derivados de petróleo, uma exigência legal. Até 2011, o crescimento das exportações desse derivado da soja era exponencial. Em volume, o salto no ano passado foi de 30,7% e, em faturamento, atingiu 75%.Os exportadores de biodiesel já haviam sofrido um golpe em abril, quando a Espanha suspendeu as compras do produto argentino, em retaliação à expropriação da petroleira Repsol. O país europeu é o principal cliente da Argentina, tendo absorvido no ano passado metade das exportações.A arrecadação na Argentina está desacelerando neste ano por conta da retração econômica, e já se esperava um avanço fiscal sobre a soja, pela valorização da saca da oleaginosa em 2021. Mas os produtores do grão e do óleo de soja já são taxados com retenção de 35%. Ao voltar sua artilharia ao biodiesel, o governo atinge um setor até então preservado da pressão fiscal e altamente concentrado. São apenas doze exportadores, em sua maioria de capital estrangeiro. (Fonte: Valor Econômico)



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