Aumentar IR pode prolongar recessão, dizem empresários

 

RENATA AGOSTINI
ISABEL VERSIANI

O setor privado reagiu de forma enérgica à sinalização do ministro Joaquim Levy (Fazenda) de que o governo pode elevar alíquotas do Imposto de Renda para atenuar o rombo nas contas públicas.

Robson Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), classificou a medida como “absurda”. Para a FecomercioSP, que representa empresários do setor de comércio e serviços, a ideia mostra “ausência de sensibilidade política” e representa o “prolongamento da recessão”. Segundo o presidente da Fiesp (que reúne indústrias paulistas), Paulo Skaf, o empresariado não vai “admitir esse ônus”.

O setor privado defende que o reequilíbrio das contas públicas venha do corte de gastos. A reação contra o aumento de tributos vem respingando em Levy, que chegou ao cargo como fiador da disposição do governo de realizar o ajuste fiscal.

“Para o empresariado, é cada vez mais frustrante. Houve sinalização no início do mandato de Levy de que haveria um movimento de arrumar as contas do ponto de vista do gasto. Isso parece ter mudado. E a agenda paralela que se criou é a de insistir nos mesmos erros”, diz Vitor França, assessor econômico da FecomercioSP.

Segundo a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), a ideia de aumentar impostos mostra que a equipe econômica está adotando a forma “mais cômoda” de promover o ajuste.

“É um descalabro [a iniciativa]. Se você colocar alíquota a mais de qualquer imposto que seja, o investimento com certeza vai cair ainda mais e a recessão aumentar”, afirma Marcelo de Ávila, gerente de estudos econômicos do sistema Firjan.

Cobrança de IRPF

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A reação do setor privado contra o aumento da carga tributária ocorreu mesmo diante dos sinais de que o país estava próximo de perder o grau de investimento, o que acabou ocorrendo nesta quarta-feira (9), quando a S&P anunciou que rebaixara a nota.

A possibilidade de aumentar o IR foi revelada por Levy na terça-feira (8), em Paris.

O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Marcus Vinicius Furtado Coêlho, também se posicionou contra a adoção da medida. “As forças econômicas querem contribuir para o desenvolvimento do país e entendem que as medidas não são adequadas. Não podemos sufocar mais ainda e exigir da população mais sacrifícios.”

Fonte: Folha

 

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