Economistas estimam retração de 1,3% do PIB brasileiro este ano Com um escândalo de corrupção de grandes proporções dominando as atenções sobre o país, “o Brasil tem tido pouca sorte, afundando no crescimento negativo” afirmou ontem o economista-chefe do Banco Mundial, Kaushik Basu, no lançamento da nova edição do relatório “Perspectiva Econômica Global” em Washington. O time de economistas da instituição multilateral projeta uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 1,3% em 2015.
O número é mais pessimista que a avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI) feita em abril – de queda de 1% – e está em linha com o mercado financeiro, que projetou retração de1,3% no último boletim Focus, apurado pelo Banco Central (BC), que circulou na segunda-feira.
Os principais motivos para o desalento do Banco Mundial com a economia brasileira são a acentuada redução do investimento e a fraca confiança do setor privado e das famílias, “devido às investigações (da Operação Lava-Jato)em andamento” Para a recessão contribuem ainda os reajustes de preços administrados, que fizeram a inflação saltar a mais de 8% no acumulado em 12 meses, forçando aperto de juros; os baixos preços das commodities, que afetam as receitas com exportações; uma seca mais forte que o esperado; e gargalos do lado da oferta (infraestrutura, mercado de trabalho, carga tributária etc.).
O Banco Mundial acrescenta ainda incertezas no fornecimento de energia como uma trava à produção industrial. A forte depreciação do real frente ao dólar trouxe a taxa de câmbio para um patamar mais favorável às exportações, mas, salienta a instituição, o Brasil vai tirar proveito limitado do cenário.
“A competitividade das exportações continua a ser detida por gargalos estruturais, incluindo uma infraestrutura deficiente, abertura comercial limitada e um pequeno número de firmas exportadoras” diz o relatório.
IMPACTO NOS BRIOS – Segundo o time de economistas da instituição, o Brasil é, ao lado dos países em desenvolvimento exportadores de petróleo, uma das “decepções” da economia global, que cresce mais lentamente do que anteriormente estimado.
O Brasil, com o seu escândalo de corrupção no topo das atenções, tem tido pouca sorte, afundando no crescimento negativo – afirmou Basu, economista-chefe do Banco Mundial e vice-presidente
sênior do organismo multilateral.
Como resultado projetado para o seu PIB, o Brasil está contribuindo também, avalia o Banco Mundial, para a desaceleração da América Latina e para as trajetórias “crescentemente divergentes” entre os Brics – grupo de emergente que reúne ainda Rússia, índia, China e África do Sul.
A Rússia terá recessão acentuada este ano (queda de 2,7% do PIB), e a África do Sul patina, de acordo com as projeções.
Já a índia pela primeira vez lidera o ranking de crescimento do Banco (7,5%), enquanto a China, mesmo desacelerando, mantém ritmo forte, a 7,1% este ano! Para a equipe de Basu, a recuperação da economia brasileira, se consolidada, será “modesta” nos próximos dois anos.
Em 2016, o crescimento seria de 1,1%, passando a 2% em 2017.
Fonte : O Globo (Flávia Barbosa) – 11/05/2015