BC eleva juro básico a 12,75% ao ano e indica novo aumento



EDUARDO CUCOLO

O Banco Central anunciou nesta quarta-feira (4) novo aumento da taxa básica de juros (Selic) e deixou aberta a possibilidade para novas altas nos próximos meses.

A taxa que serve de referência para o custo do dinheiro na economia brasileira passou de 12,25% para 12,75% ao ano, confirmando as expectativas da maior parte do mercado financeiro. A alta era a aposta de 59 dos 63 economistas ouvidos em pesquisa da Bloomberg. Os outros quatro viam aumento de 0,25 ponto percentual, a 12,5%.

A decisão foi unânime e o comunicado foi exatamente o mesmo da reunião passada. “Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual para 12,75% ao ano, sem viés”, afirmou a nota.

Os juros estão agora no maior nível desde março de 2009. Naquela época, o BC iniciava um processo de redução da taxa básica para reanimar a economia diante dos efeitos da queda do banco Lehman Brothers.

Foi o quarto aumento seguido desde a reeleição de Dilma Rousseff, no fim de outubro. Antes de derrotar Aécio Neves, os juros estavam em 11% ao ano.

A decisão foi anunciada em um momento em que o dólar e o reajuste de tarifas pressionam a inflação e a atividade econômica caminha para a recessão -o PIB recuará 0,58%, segundo analistas.

A taxa Selic é utilizada nos empréstimos que o BC faz a instituições financeiras. Ela também serve de referência para a economia e para os juros cobrados de consumidores e empresas.

Para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para 28 e 29 de abril, as previsões são de nova alta de juros. Os analistas estão divididos, no entanto, entre a manutenção do ritmo de alta de 0,50 ponto percentual ou uma elevação menor, para 13% ao ano.

No comunicado da decisão, o BC disse apenas que tomou a decisão “avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação”. São as mesmas palavras usadas no Copom de janeiro.

O BC quer trazer a inflação ao consumidor, que está acima de 7%, para a meta de 4,5% até o fim de 2016. Para isso, conta com o aumento de juros, com a desaceleração da economia e com a melhora nas contas públicas (menos gastos e mais impostos).

Para o BC, é preciso agir para evitar que os efeitos da alta do dólar e da correção de tarifas e preços controlados pelo governo se espalhem ainda mais pela economia e mantenham a inflação alta.

O diretor de gestão de recursos da Ativa Investimentos, Arnaldo Curvello, disse esperar que o BC promova um aumento de 0,25 ponto percentual em abril, encerrando o atual ciclo de alta dos juros.

Para ele, a inflação hoje não está ligada à demanda, mas à correção de tarifas e preços controlados. Por isso, aumentos maiores de juros só iriam deprimir ainda mais a economia, sem conseguir trazer a inflação para a meta em um prazo tão curto.

Segundo ele, as dificuldades enfrentadas pelo governo para aprovar as medidas de ajuste fiscal no Congresso são um fator que pode gerar ainda mais pressão sobre o câmbio e dificultar o combate à alta de preços.

PIB

A atividade econômica enfraquecida é o que limita novas altas da Selic neste ano. No terceiro trimestre do ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 0,1%, abaixo das expectativas.

Neste ano, o país deve ter retração de 0,58% do PIB, ainda de acordo com o Focus. A indústria continua sendo um peso sobre a atividade em geral, com contração de 0,72% no ano, segundo o boletim.

A expectativa é de que a economia melhore em 2016, com crescimento de 1,50%, de acordo com o Focus.

Fonte: Folha

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