BIS vê risco em 3 anos de crise bancária no Brasil



Banco central dos bancos centrais alerta País, e a China também, de que boom de empréstimos e custo de dívidas pode causar graves tensões

LONDRES – O crescimento bem acima da média histórica do crédito e o aumento da exposição ao serviço da dívida são os principais pontos vulneráveis do sistema bancário no Brasil. O alerta foi feito pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês). Em relatório anual divulgado ontem, a entidade diz que o boom de empréstimos visto em mercados como o brasileiro e o chinês geralmente indicam “a materialização de graves tensões bancárias em prazo de três anos”.

O BIS avaliou quatro critérios relacionados ao risco de uma crise bancária em 20 países e 3 regiões: crescimento do crédito, preço de imóveis, comprometimento da renda e exposição dos tomadores de crédito à alta dos juros.

Nessa avaliação, o Brasil recebeu dois alertas. O primeiro é sobre a relação entre o crédito e o tamanho da economia que está bem acima da média histórica. O indicador está 13,7 pontos porcentuais acima da média. “O registro histórico mostra que a diferença da relação crédito/PIB superior a 10 pontos porcentuais (em relação à média histórica) pode indicar a materialização de graves tensões bancárias no prazo de três anos”, diz o documento.

O segundo alerta para o Brasil foi sobre o custo da dívida dos tomadores de crédito. Para a instituição, um aumento do juro em 250 pontos-base geraria aumento no pagamento exigido dos clientes de 6,3 pontos porcentuais.

“Em termos nominais, os tomadores de crédito da China estão atualmente em situação de especial vulnerabilidade. Contudo, uma alta dos juros levaria ao terreno crítico os coeficientes de serviço da dívida em muitas outras economias”, diz o documento do BIS. Na China, a mesma alta do juro elevaria o pagamento em 12,2 pontos aos clientes.

O BIS alerta que o descontrole sobre o pagamento de juros da dívida pode vir rapidamente, o que geraria um risco aos bancos.

“A experiência mostra que os coeficientes de serviço da dívida podem permanecer em nível baixo durante longos períodos e disparar um ou dois anos antes de uma crise, habitualmente em resposta ao aumento das taxas de juros”, explica o documento. “Portanto, baixos coeficientes não garantem que o sistema financeiro esteja a salvo.”

Emissões. O BIS também lançou um alerta para o setor não financeiro dos países emergentes. Após o aumento da presença dessas companhias no mercado de dívida internacional nos últimos anos, a instituição diz que as condições favoráveis de financiamento não são permanentes e podem mudar rapidamente, criando um problema para as empresas que precisariam se refinanciar e estão confiantes na emissão de dívida externa.

A normalização da política monetária nos países desenvolvidos, por exemplo, pode ser um gatilho para a mudança na oferta de crédito, diz a entidade em seu relatório.

Fonte: Estadão

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