Brasil tenta acelerar acordo com a EU

Apesar da pressa do governo Dilma, troca de ofertas só deve ocorrer em setembro.

O Brasil lançou ontem uma ofensiva diplomática para tentar acelerar as negociações para criação de uma área de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

Passando por cima da resistência do governo da Argentina, a presidente Dilma Rousseff multiplicou os contatos bilaterais em Bruxelas e pediu aos chefes de Estado e de governo europeus que fixem o mais rápido possível uma data para a troca de ofertas, condição essencial para um acordo. A data desejada pelo Brasil, 18 de julho, porém, coincide com as férias europeias, o que deve atrasar as discussões até setembro.

As manobras diplomáticas foram realizadas ontem pela presidente às margens da reunião de cúpula entre a União Europeia e Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que se encerra hoje.

Em discurso os líderes políticos na tarde de ontem, na sede da Comissão Europeia, Dilma ressaltou a importância que atribui agora às negociações, que deseja acelerar.

“O Mercosul quer agora consolidar a relação, avançando nas negociações com a União Europeia. Essa é uma prioridade na agenda externa do Mercosul e do Brasil”, garantiu.

“Estamos prontos para dar início, ainda este ano, ao intercâmbio simultâneo de ofertas de acesso a mercados, para que possamos concluir acordo abrangente e equilibrado, em 2015.”

Dilma lembrou que o comércio entre os dois blocos vem em forte aumento, tendo crescido de 2000 a 2014 deUS$90 bilhões aUS$267 bilhões.

Ministros do governo também trouxeram um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que indica que as importações de produtos brasileiros pela União Europeia poderiam crescer 20% com a área de livre comércio.

À noite, em rápida entrevista, Dilma confirmou que “o Mercosul está em condições de apresentar uma oferta”.

“Agora queremos que a UE nos diga que ela também está em condições de apresentar uma oferta”, ressaltou, jogando a responsabilidade para Bruxelas.

“Nós nos dispomos a marcar uma data.” Hoje, Dilma realizará uma reunião bilateral com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, representante dos 28 chefes de Estado e de governo, para discutir o assunto.

Também está previsto um encontro bilateral com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, reunião na qual o assunto também será evocado.

Contraste. A postura enfática do governo brasileiro contrasta com o estado de ânimo de negociadores e empresários europeus, que demonstram menos confiança na assinatura de um acordo entre UE e Mercosul. Em Bruxelas, eles têm enfatizado a necessidade de aumentar o comércio entre a Europa e o Brasil, e não a formalização da área de livre comércio.

Na terça-feira, o diretor da Unidade de América Latina da Direção-geral de Comércio da Comissão Européia, Matthias Jorgensen, e também representantes patronais lamentaram a lentidão das negociações.

“Nós vemos uma série de políticas bem intencionadas da parte do Brasil. Não duvidamos disso”, ponderou Jorgensen. “Mas, como alguns de vocês notaram, essas negociações estão em curso há 16 anos.”

Nova estratégia “Estamos prontos para dar início, ainda este ano, ao intercâmbio simultâneo de ofertas de acesso a mercados, para que possamos concluir acordo abrangente e equilibrado, em 2015 .” Dilma Rousseff PRESIDENTE



Negociação com os EUA – Folha de S. Paulo – 11/05/2015

Visita da presidente Dilma aos EUA deve destravar apenas parte de acordos em negociação

QUAIS DEVEM SAIR

Ensino técnico: memorando de entendimento para transferência de tecnologia das “community colleges” americanas –faculdades de dois anos com foco em ensino profissionalizante

Acordos de Defesa: cooperação em defesa e compartilhamento de informações militares que vão permitir venda de equipamentos com tecnologias

QUAIS NÃO DEVEM SAIR

Isenção de vistos: turistas do Brasil vão continuar precisando de visto para entrar nos EUA

Global Entry: Brasil trabalha para cumprir exigências do programa que permite entrada facilitada na imigração americana de viajantes pré-aprovados

Fim da bitributação: não há previsão de acordo para pôr fim à dupla cobrança que poderia reduzir a tributação sobre remessas de lucros, dividendos ou pagamento de royalties

Acordo de livre-comércio: tema continua fora da agenda dos dois países

DÚVIDAS

Clima: declaração de intenções de Brasil e EUA com metas para redução de emissões e cooperação na Conferência do Clima de Paris, em dezembro

Conselho de Segurança: Brasil quer apoio dos EUA para ter assento permanente em um Conselho de Segurança da ONU reformado

Céus abertos: acordo entre EUA e Brasil permitiria atuação livre de companhias aéreas nos dois países

Carne bovina: abertura do mercado americano para carne “in natura” brasileira.

Fonte: O Estado de S. Paulo (Andrei Netto) – 11/05/2015



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