China: Economia desacelera, mas é cautelosa

A recuperação chinesa está demorando mais que o esperado. Mesmo apresentando um colapso no crescimento de suas exportações e gastos fracos dos consumidores, Pequim evita estímulos agressivos, aferrando-se a uma estratégia gradual de pequenos cortes nas taxas de juros e modestos aumentos nos gastos. A repetição do grande estímulo em resposta à crise de 2008, baseada em grandes investimentos oficiais, poderia puxar o crescimento. Isso atrapalharia, porém, os esforços para nutrir uma expansão autossustentada, baseada no consumo doméstico, na redução da dependência das exportações e no investimento, uma mudança que economistas veem como necessária para manter a e o padrão de vida subindo. O pacote de estímulos de 2008 ajudou a China a se recuperar rapidamente da crise global, mas gerou inflação e um frenesi de construções que deixou algumas comunidades com rodovias, estádios e outras instalações sem muita utilidade, enquanto endividavam algumas administrações públicas. “O governo não está parado, está agindo”, disse Mark Williams, analista da Capital Economics. “As pessoas se lembram do que aconteceu em 2008, e obviamente comparado com isso parece uma reação muito sem brilho. Mas uma nova rodada daquilo faria mais mal que bem”, acredita ele. Analistas esperavam uma retomada mais rápida da China, mas agora dizem que ela deve ocorrer mais para o fim deste ano. De qualquer modo, creem que ela não será o suficiente para sustentar a demanda global sem o apoio da Europa e dos Estados Unidos. No mês passado, o FMI cortou sua previsão para o crescimento da China em 2012, de 8,2% para 8%, mas advertiu que o risco de um pouso abrupto e de um pico no desemprego ainda existe. A partir de outubro, a China passará por uma transição política, que ocorre no país a cada dez anos. O processo dura até o início do ano que vem, quando um novo premiê e novas autoridades-chave assumirão. “Não esperamos que o governo prestes a sair busque remediar a demanda doméstica fraca com estímulo fiscal”, disse Carl Weinberg, da High-Frequency Economics, em relatório nesta semana. “Se necessário, essa tarefa será executada pelos líderes que virão.” Na opinião de Weinberg, “não há motivo para pressa”. No segundo trimestre, o país registrou crescimento de 7,6% em seu PIB. Com o crescimento nesse patamar, “Pequim pode ser paciente”, afirmou. (Fonte: Valor Econômico)

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