Dilma culpa agenda da UE por fiasco em negociação

A presidente Dilma Rousseff garantiu que o governo brasileiro não perdeu a paciência com a Argentina e jogou parte da culpa pelas dificuldades na negociação UE Mercosul para os europeus.

Dilma chegou com a proposta de fixar a data de 18 de julho para troca de ofertas de liberalização entre os dois blocos.

Mas ontem, na reunião ministerial sobre o estado das negociações, a comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, achou que os dois lados não estavam prontos ainda para as barganhas finais.

Os dois lados mencionaram a possibilidade de nova reunião a partir de outubro, para eventualmente definir uma data para trocar as ofertas. Isso dá tempo para o governo de Cristina Kirchner na Argentina não se incomodar com liberalização em plena campanha presidencial. Dilma teve o mérito de dar uma mensagem firme de engajamento de seu governo pela abertura comercial, o que foi notado pelos europeus.

Antes de partir de Bruxelas, a presidente disse que não saía “frustrada” pela falta de avanço concreto entre UE e Mercosul. Dilma rejeita observações que são feitas dentro do próprio governo em relação à Argentina: “Essa visão de que o governo perdeu a paciência com a Argentina não representa jamais o que o governo brasileiro pensa.

A Argentina é um grande parceiro nosso. Nós temos de ter toda a consideração com a Argentina. E não existe motivo para a Argentina não ir conosco [na negociação com a Europa. Ela tem essa disposição.

E jamais se trata de algo tão desrespeitoso como perder a paciência entre governos.” A presidente chegou a ironizar que a culpa seja sempre dos latino-americanos. “Me desculpa. Não é trivial entre nenhum país fazer um acordo. E 27 países integram a UE.

Se a gente não considerar que são países diferenciados, e que eles têm de também fazer suas discussões, seria algo fantástico.

Por que até hoje não saiu um acordo entre a UE e os EUA? Vocês nunca pensaram por quê? Por que nunca saiu um acordo entre a UE e o Japão?”, questionou. A negociação UE-Mercosul tem 16 anos, a UE-EUA é recente. Após o encontro ministerial Mercosul-UE, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e a comissária europeia de Comércio deram entrevista. “A UE é o maior parceiro comercial do Mercosul, como bloco, e também do Brasil.

Por isso damos a maior importância para o acordo. Queremos aumentar as exportações do Mercosul para a União Europeia, fortalecer o comércio e vê-lo florescer e crescer proximamente.

O acordo deve ser abrangente e ambicioso e contemplar todas as áreas de interesse dos dois lados”, afirmou o ministro. Na visão de Cecilia Malmström, “ainda temos trabalho a fazer” para a negociação ser concluída. “Temos de oferecer um ao outro garantias sobre o nível de ambição das respectivas ofertas.” Ela lembrou que em, 2014, o comércio entre a UE e Mercosul alcançou 104 bilhões, mas as importações europeias do Mercosul estão caindo.

“Queremos que o acordo delivre comércio ajude a superar as barreiras entre nós”, disse a comissária. Destacou que os dois blocos, quando estiverem confortáveis com as respostas recíprocas, terão então a possibilidade de trocar as ofertas até o fim do ano.

Fonte: Valor Econômico (Assis Moreira – Brasil) – 12/06/2015

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